quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Recuperado de um moleskine (16)


Chamam-me, às vezes, Vizinho, nas lojas outrabandistas que frequento. Não gosto, mas não protesto. No Mercado, creio que já deixaram de usar o abusado vocativo Amor ou Querido, em que as varinas e peixeiras caprichavam, numa pretensa intimidade escamosa e sedutora. Também os suportei algumas vezes, a estes substantivos, fazendo apenas uma cara mais séria. Agora, quando algum desconhecido me trata por Amigo, afino mesmo, e reponto...
Amigo sempre me foi palavra cara de concretização rara e difícil. Onde entra generosa fidelidade. Não isenta de exigência recíproca que, às vezes, não resiste a turbulências. Nem às tentações. Próximas e distantes, são as categorias e graus. Que o resto são meros conhecimentos humanos, fugazes quando avaliados pelo tempo, que, por circunstância, nos cruzaram os anos de vida, mas não deixaram marcas, nem perguntas, ao terem desaparecido.

4 comentários:

  1. Respostas
    1. Imagino que deva ser uma promiscuidade, sem proveito..:-)

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  2. :-)
    Essa do Amor ou Querido encanita-me o miolo. Moda que voltou com alguns brasileiro...

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    1. É verdade... e ainda me faltou falar do "Freguês", que é mais asséptico e aceitável.

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