sábado, 12 de setembro de 2015

F. A. P.


As notícias têm destas virtualidades benéficas. A nova sobre a reedição dos livros de F. Assis Pacheco (ver poste anterior) fez-me revisitar a obra. Aqui:

E assim:

volto a pensar : que queria eu na infância
o sol ? outro nome sobre o meu tão frágil ?

amo-te mais à noite portanto
quando dobro as calças e começo
quando esse gesto útil quando
bate numas pernas e vê-se
de trinta e cinco anos

4 comentários:

  1. Há um tango muito conhecido de Gardel, “Volver”, onde se diz “que veinte años no es nada, qué febril la mirada”. Lembro-me de ter lido num jornal español em 1985, aquando do quinquagésimo aniversario da morte do cantor, uma reportagem intitulada “Que cincuenta años no es nada”. E já são passados mais alguns anitos…

    Adoro a poesia de Assis Pacheco, e queria deixar aquí, com sua licença, um dos meus poemas preferidos.

    Cumprimentos desde Espanha.


    SONETO AOS FILHOS

    Toda a epopeia da família cabe aqui
    um avô galego chegado a Portugal rapazinho
    outro de ao pé de Aveiro que se meteu
    num barco para S. Tomé a fazer cacau

    de filhos seus nasci
    com este pouco de inútil fantasia
    nutrida em solidões nas que me vejo
    nu como um bacorinho na pocilga

    e como ele indefeso e porém quis
    mesmo assim ser mais que o animal
    no tutano dos ossos pressentido

    não peço nada usai o meu nome
    se vos praz lembrai-me
    o que for costume

    mas livrai-vos do luxo e da soberba

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