quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Profetas, místicos e visionários


Há muito que deixei de ver e ouvir, no Metropolitano, o jovem cego que, com a ajuda da bengala, batendo no chão, entoava em simultâneo uma algaravia rap. Algo irritante, perdoe-se-me a falta de caridade.
Também desapareceu, dos meus itinerários habituais, um homem de meia-idade que, com gestos bruscos e passos agigantados, prenunciava o fim do mundo, pelas ruas de Lisboa.
Mas, nos últimos tempos, no meu traçado citadino, surgiu uma nova vestal: magra, mulata e com sotaque brasileiro. Ao sair do 758, pelo Jardim de S. Pedro de Alcântara, costumava deixar, em voz alta, aos passageiros, salvíficas mensagens. Que eu raramente entendia, porque eram pronunciadas em voz muito apressada, de saída.
Hoje, porém, ao apear-me na estação Baixa-Chiado, ela lá estava e, desta vez, percebi-a, clara e perfeitamente. Para que conste, rimando como ela a disse, aqui fica a mensagem:
"Céu há!
E tem guardas poderosos para nos guardar!"

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