sábado, 15 de agosto de 2015

Sobre antologias de Poesia


O penúltimo TLS, pela pena de Justin Quinn, dedica um extenso comentário (Outsourcing Politics) à actividade de A. Alvarez (1929), como crítico de poesia e antologiador. O ponto de partida é a sua antologia de 1962, The New Poetry (Penguin Books), obra polémica mas, ainda hoje, utilíssima e incontornável, sob vários aspectos, para a abordagem da poesia britânica do século XX.
Uma antologia é uma espécie de campo santo, onde ficam exarados os nomes maiores de uma determinada época, filtrados pelo gosto e critério do antologiador. A selecção resultante será sempre discutível e, nem sempre, isenta, até porque se trata de uma escolha pessoal, sujeita às regras do tempo.
Se a obra Poesia Portuguesa do pós-Guerra 1945-1965 (Editora Ulisseia, 1965), de Afonso Cautela e Serafim Ferreira, se destinava a seleccionar a dita poesia de combate, ou comprometida, creio que terá cumprido o seu desiderato. É inclusiva, mas, hoje, muitos dos poetas, que lá constam, já quase ninguém os conhece ou se lembra deles - é o que faz o tempo a grande parte das obras engajadas.
Quanto às celebradas Líricas Portuguesas (1ª, 2ª, 3ª e 4ª séries), da Portugália Editora, publicadas nos anos 60, elas são, ainda agora, um útil documento de consulta, tendo mantido a sua actualidade crítica. Muito embora o critério de escolha dos antologiadores não fosse uniforme, nem coincidente. Prova disso é o facto de Jorge de Sena, na 3ª série, ter repescado nada menos de 7 poetas que não tinham constado, epocalmente, da 2ª série, organizada por Cabral do Nascimento.
Mais facciosa, e a mais restrita de todas é, porém, a escolha de Herberto Helder, na sua Edoi Lelia Doura (Assírio e Alvim, 1985), que tanta polémica causou e em que ele antologiava apenas 18 poetas portugueses de sua preferência - um campo santo muitíssimo particular...


5 comentários:

  1. Esta Poesia portuguesa do pós-guerra não é nada fácil de encontrar. :)
    Ainda hoje consulto muito as várias séries das Lírica portuguesas.
    Boa tarde!

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  2. Uma edição fruto do trabalho de Vítor Silva Tavares como editor da Ulisseia. A «Coleçção Poesia e Ensaio» tem uma capa linda.

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  3. O grafismo da colecção é originalíssimo. Hoje em dia, é tudo copiado e, grande parte, de um mau gosto atroz.
    Creio que o livro da Ulisseia foi proibido, pouco depois de ter saído, o que talvez explique que não apareça muito à venda...
    Boa noite!

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