sábado, 22 de agosto de 2015

O avoengo A. O. de 1945


Pelo pouco que sei, o AO de 1945 foi muito mais pacífico na sua aceitação, por ambas as partes (Brasil e Portugal), do que o actual, embora também tivesse tido os seus detractores. Mas Getúlio Vargas e Salazar terão tido, com certeza, uma influência pesada e dissuasora, quanto a eventuais veleidades...
Apesar de tudo, parece-me oportuno deixar por aqui, e da Revista de Portugal (Vol. VII - nº 39 / Dezembro de 1945), uma pequena amostra do AO de 1945, através do início do seu texto programático.

com um envoi muito especial a Artur Costa, em seu O Linguado.

5 comentários:

  1. Tenho que responder à gentil provocação... O AO de 1945 foi tão pacífico que o Brasil nunca o aplicou, nem aprovou no Congresso. Seria, oficialmente, revogado em 1955, continuando os brasileiros a usar a ortografia da sua reforma (1943).
    Os portugueses acabaram, assim, por ser obrigados a uma ortografia manca, que apenas alterava outra, também unilateralmente adotada em 1911 (acompanhando, provavelmente, o novo hino e a nova bandeira, esses símbolos do bom gosto).
    Até nisto o AO de 1990 é positivo, porque nos faz recuperar alguma dignidade lusófona.

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  2. Reparou, certamente, naquela curiosa e totalitária expressão: «Cada palavra da língua portuguesa terá uma grafia única».
    Parece o chamado «tiro no pé»... Face a esta visão arcaica e falhada da língua, o AO de 1990 é um hino à liberdade e ao progresso. Mesmo com as suas imperfeições, que podem corrigir-se.

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    1. Sabe qual é a minha posição de dúvida metódica, por associação (se o Inglês com muitos mais falantes, nunca precisou de um Acordo Ortográfico, porque será que o Português precisa?). Mas é um tema que me deixa pouco mais que indiferente.
      Reparei, sim senhor, naquele preciosismo atoleimado da "grafia única".
      Não posso também deixar de pensar que, no século XX, tivemos 3 AO 3, o que me parece, no mínimo ridículo. E, com certeza, nunca se pensou nos custos que implicava tamanha desmesura.
      Votos cordiais de um bom Domingo!

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    2. Um bom e fresco domingo para esses lados, também!
      (O inglês é língua que não tem nenhuma "autoridade" oficial; mas o facto de não haver "acordos" internacionais, não deixou de ter muitas reformas, em cada um dos países, ou grupos de países, como é evidente. Tal como noutras dimensões, também a ortografia dessa língua foi evoluindo nas suas normas ortográficas.
      Mas acrescento, acerca de outras línguas transnacionais: para o espanhol (castelhano) tem havido diversos acordos (e desacordos) para uma ortografia comum; a Academia Francesa e o Conselho Superior da Língua Francesa têm um esforço incansável de harmonização e normalização ortográfica em França, Canadá, Suíça, Bélgica...
      Concordo consigo, e como tenho dito, este assunto é pouco mais do que irrelevante. Por isso me incomoda o movimento organizado de recusa, amplificado por algumas vedetas mediáticas (como Pacheco Pereira, que por acaso é um campeão no uso de estrangeirismos) e pelo jornal Público - que, depois, edita livros em que traduz "concrete" (betão) por "concreto", se dá ao trabalho de traduzir "web" por "net"e prefere traduzir "répéter " (ensaiar) por "repetir", ao mesmo tempo que introduziu neologismos como "alterofilista", "retracto de um arquitecto" e "contracto social".

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    3. Por cá, céu limpo e azulíssimo, com aragem fresca. Mas anunciam subidas...
      É evidente que, de um e outro lado, há exageros. A voz autorizada de Jacinto Nunes, em defesa do AO, retenho-a, como retenho a de Graça Moura (não, não como poeta ou romancista) em oposição coerente. Eram homens que metiam a mão na massa (no sentido nobre!), homens do concreto, cuja actividade falou e justificou a vida.
      Felizmente, e no meio deste desconforto que me obrigaria a tomar posição noutra situação, trabalhei sempre e só em empresas privadas que me permitiam liberdade, nesta tormentosa escolha - disso, dou graças aos deuses!
      De qualquer modo, é minha previsão que a discussão vai eternizar-se e os resultados finais vão ser pífios... E será que a Guiné Equatorial não quererá aquecer o debate? De Guiné, já nos sobrava a de Bissau que, julgo, ainda nem deu o seu acordo.

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