sexta-feira, 21 de março de 2014

Ainda sobre Poesia, e com Eugénio


Há séculos, pelo menos 9, que os portugueses se exprimem, também, através da poesia. Mas raramente se interrogam sobre ela e sobre a criação. Ao contrário dos poetas ingleses, por exemplo, que muito teorizaram sobre ela: de Wordsworth e Coleridge até T. S. Eliot.
Mas Eugénio de Andrade, algumas vezes, falou sobre poesia, com palavras justas e sábias, que o saber da experiência lhe dava. Numa ocasião, a uma pergunta/acusação (do entrevistador) sobre a dureza dos seus juízos a propósito de jovens poetas, respondeu assim:
"...A juventude não precisa de piedade, mas de verdade. Há muito jovem que me pede ajuda onde não há ajuda possível, pois ninguém pode viver por eles a sua própria vida, remontar às fontes do ser. Porque a poesia é a perpétua procura dessas águas. Quando não é isso, é uma inútil cantilena com que se embalam as horas, com que alguns espíritos superficiais enganam a vida. Num tempo degradado como o nosso, todas as fontes estão ocultas. A tarefa do poeta é desocultá-las. Tudo o que nos saia das mãos sem esse sabor original são só palavras a mascarar a palavra, miséria que nos impede até de ouvir a magnífica e alta música do silêncio."

4 comentários:

  1. Completamente de acordo e uma triste realidade.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Palavras de sabedoria - como se dizia no ofício divino..:-)

      Eliminar
  2. Vou clonar, com adaptação, na correção dos próximos testes.

    ResponderEliminar