sábado, 15 de março de 2014

3 excertos de 1 Crónica exemplar


Com a habitual argúcia, a que nos habituou, António Guerreiro, na ípsilon de ontem, do jornal Público, desmonta alguns mitos e descarna, pela razão, a vacuidade deste nosso tempo. Da Crónica, damos três excertos pequenos, que não dispensam a leitura integral, para mais inteira compreensão. Seguem:
"O principal tropismo das redes sociais (como o Facebook) dos blogues e do jornalismo on-line são as manifestações de superfície. Eles afogam-nos na prosa do mundo e na banalidade, criam ondas e centros de atracção, recriam uma lógica tribal e fornecem o ornamento da massa. (...)
Mas não há tempo para a análise e para a interpretação. A ideia que as manifestações de superfície, na medida em que não são asseguradas pela consciência, garantem o acesso ao conteúdo fundamental de uma época e ajudam a determinar o lugar que ela assume no processo histórico... (...)
Ora, a deambulação desenfreada pelas manifestações de superfície (o vício maior a que estamos expostos) impede-nos de parar e sondar os mecanismos secretos da sociedade. Daí este paradoxo que decorre das facilidades da indignação, sempre muito mais rápida do que a análise: aquilo que é hoje objecto de uma onda de indignação ou de sátira colectiva vê legitimado o seu lugar, teve direito a um atestado de existência. É exactamente o mesmo que acontece aos cronistas que concitam o insulto e um vasto consenso de que têm uma jubilosa inclinação para a imbecilidade: isso garante-lhes o posto, porque passam a ser olhados com aquele fascínio universal que a estupidez suscita. (...)"

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