Sempre
defendi, e persisto nesse propósito, que a Educação e a Escola deviam
concentrar-se no essencial, i.e., pensar e fazer pensar no sentido mais amplo.
Infelizmente, e olhando para o passado e o presente do respectivo Ministério, a
estratégia, se alguma vez existiu de forma explícita e consistente, não
escolheu esse desígnio como prioridade a atingir.
E
assim, em deambulações várias, chegamos à presente desgraça em que se promove,
com pompa e circunstância, uma Escola de delatores. Pensar sobre a Escola, e
ofendendo uma disciplina chamada Sociologia, passou a fazer-se com recurso ao
método de trabalho de “espreitar pelo buraco da fechadura para dentro de uma
sala de aula”. A “análise” da “socióloga” responsável baseia-se, então, em
relatos encomendados, eufemistamente chamados “diários”, ou seja, numa
linguagem simples, a denúncia institucionalizada.
Também
não falta, claro está, o “patrão”, quiçá futuro empregador dos alunos, a achar
“inovadora” e atractiva uma teoria, embora às avessas das Ciências Humanas, que
lhe prepara o trabalho de recrutar, não apenas submissos, mas “exímios agentes”
ao serviço da paz empresarial.
Pensava
eu que a Inquisição, com os seus métodos e “Róis”, era fenómeno do passado !
Afinal,
a Escola passou a ser o “centro de formação” dos novos agentes de informação,
assegurando-se, desta forma, a acefalia dos futuros contribuintes e
utilizadores dos serviços públicos como, aliás, as últimas campanhas “cívicas” demonstram.
Aos prémios para os mais audazes cumpridores, lançados pelo Ministério das Finanças, juntam-se, agora, as ameaças dos Transportes de Lisboa.
Só
a crassa ignorância do passado histórico poderá explicar a completa ausência de
revolta cívica perante semelhante ataque à democracia e aos valores mais nobres
da convivência humana. Enganam-se aqueles que pensam que um Estado policial
garante o futuro de governos fracos.
Bem dito.Oportuno
ResponderEliminarBem dito.Oportuno
ResponderEliminarIsto é o cúmulo!!!
ResponderEliminarEntão é assim, com a falta de validação de bilhetes, que a Carris e o Metro nos querem explicar a diminuição de utilizadores nos transportes púbicos?! Nunca vi nada de tão baixo nível, nem quando nos querem impingir detergentes.
Desenganem-se que as pessoas não são tontas e, ao contrário destes idiotas que mandam fazer e aprovam esta publicidade, andam de transportes públicos e têm olhos na cara para ver.
Eles acham que os desempregados andam de transportes públicos? Para quê? Com que dinheiro? E os reformados? Basta andar no Metro (que é o que eu utilizo frequentemente) para ver que há muito menos pessoas da chamada 3.ª idade a andarem de Metro.
E que dizer do aumento do passe de Lisboa (só sei deste) que aumentou de €36,65 para €42,00, ou seja mais de 14% numa altura em que os ordenados e pensões diminuem drasticamente?
A falta de vergonha tem limites!
E é mesmo: a delação, a mexeriquice e a inveja estão na massa do sangue dos portugueses. A Inquisição foi a pior coisa que aconteceu a este país e ainda não nos livrámos dela. Um país de 'brandos costumes' que vai ver, em festa, pessoas a serem esturricadas em praça pública...
Para sim e MR:
ResponderEliminaragradeço os comentários e a partilha.
Quando cheguei aqui não tinha lido o comentário final de MR. E o que estava a pensar escrever já lá está escrito. Os portugueses adoram denunciar, deve ter sucesso!
ResponderEliminarPara JAD:
Eliminaro mais abjecto, para além da questão de fundo, é o uso e abuso de determinadas "criaturas", no chamado ambiente escolar, promovendo-as a "actores" de denúncia com proveito para a responsável do chamado "estudo". Nada disso é sério, nem científico. Usar a fragilidade e dependência de pessoas, espiritualmente ainda indefesa,
é perfeitamente inaceitável. E o Ministério da Educação a "fazer de conta". Quem autorizou semelhante "invasão" ?
Tocou com o dedo na ferida!
EliminarPara JAD:
Eliminarainda bem que o consegui, porque a revolta interior é enorme.