O aproximar do 40º Aniversário do
25 de Abril suscita velhos fantasmas que se assemelham, embora diversos na
gravidade das consequências no exercício do direito à indignação e expressão, à
rarefacção do ar que se vem respirando nos últimos tempos.
Vejamos, então, dois episódios em
que a falta de ar, física e espiritualmente falando, se faz sentir. O primeiro
refere-se a um forasteiro que, apesar de ter tido um visto para permanecer no
país antes do 25 de Abril, tinha que se deslocar à PIDE/DGS, de 2 em 2 meses,
para receber um carimbo no passaporte e pagar uma determinada quantia. À medida
que se aproximava o 25 de Abril, e o nervosismo das entidades governamentais
aumentava, os prazos da apresentação periódica foram-se encurtando. Ora,
perante a ausência de qualquer explicação para o facto, o forasteiro perguntou
ao indígena, escondido por detrás do “guichet”, se não havia nenhuma regra para
os prazos de apresentação. A resposta à insidiosa pergunta veio de imediato. A
criatura aproximou-se da abertura no vidro, recolocou os seus oculinhos
redondos e disse: “aqui, quem faz perguntas somos nós!” Ora toma !
O segundo episódio é mais recente e
abrange, infelizmente, uma população maior, ou seja, todos aqueles que, diariamente,
têm que sobreviver com as mentiras, financeiras e políticas, que nos cortam o
ar.
Assim, foi o FMI que, há poucos
dias, pretendeu convencer-nos de que, entre 2008 e 2012, os portugueses pobres
perderam 5% e os ricos 10% do seu rendimento disponível. Ora, as declarações
para o IRS, relativos a 2013, que vão chegando às mãos dos contribuintes,
desmentem, mais uma vez, os “competentes” funcionários da Lagarta. Por outro
lado, circulam pelos jornais alemães outras inverdades, a propósito do salário
mínimo em Portugal, no exacto momento em que se fala em mais cortes nos
vencimentos dos Portugueses. Segundo o Eurostat, o salário mínimo do país
aproxima-se dos 650,00 euros. - Grande fortuna ! A explicação para o facto é que
o salário é pago 14 vezes por ano e não 12 ! Esqueceram-se de esclarecer que,
no ano passado, um dos subsídios foi comido pelo aumento dos impostos.
Convenhamos que 650,00 euros correspondem a um salário principesco e que dá
para baixar. E já agora, como manda o “nosso” Belmiro, obrigar os trabalhadores
a labutar quatro vezes mais como fazem os “excelentes” alemães.
Não sei como o Belmiro aguenta 32
horas de trabalho por dia, porque o exemplo deve vir de cima, a comer
“canjinhas”, nem sei que peça de roupa a Lagarta irá comprar, nas Hermes e
quejandas, com 650,00 euros.
De facto, falta-nos o ar para
respirar perante tanta desfaçatez, mentira e ofensa à dignidade humana.
Post de HMJ
Isto é tudo uma vergonha!
ResponderEliminarTambém não sei quem consegue viver no condomínio do prédio da foto.
ResponderEliminarPara MR:
EliminarTambém não sei, mas deve ser gentinha sem qualquer consciência cívica, moral e histórica. São os de outras "praças", chamadas financeiras.