terça-feira, 18 de março de 2014

Apontamento 41: Falta de ar



O aproximar do 40º Aniversário do 25 de Abril suscita velhos fantasmas que se assemelham, embora diversos na gravidade das consequências no exercício do direito à indignação e expressão, à rarefacção do ar que se vem respirando nos últimos tempos.
Vejamos, então, dois episódios em que a falta de ar, física e espiritualmente falando, se faz sentir. O primeiro refere-se a um forasteiro que, apesar de ter tido um visto para permanecer no país antes do 25 de Abril, tinha que se deslocar à PIDE/DGS, de 2 em 2 meses, para receber um carimbo no passaporte e pagar uma determinada quantia. À medida que se aproximava o 25 de Abril, e o nervosismo das entidades governamentais aumentava, os prazos da apresentação periódica foram-se encurtando. Ora, perante a ausência de qualquer explicação para o facto, o forasteiro perguntou ao indígena, escondido por detrás do “guichet”, se não havia nenhuma regra para os prazos de apresentação. A resposta à insidiosa pergunta veio de imediato. A criatura aproximou-se da abertura no vidro, recolocou os seus oculinhos redondos e disse: “aqui, quem faz perguntas somos nós!” Ora toma !


O segundo episódio é mais recente e abrange, infelizmente, uma população maior, ou seja, todos aqueles que, diariamente, têm que sobreviver com as mentiras, financeiras e políticas, que nos cortam o ar.
Assim, foi o FMI que, há poucos dias, pretendeu convencer-nos de que, entre 2008 e 2012, os portugueses pobres perderam 5% e os ricos 10% do seu rendimento disponível. Ora, as declarações para o IRS, relativos a 2013, que vão chegando às mãos dos contribuintes, desmentem, mais uma vez, os “competentes” funcionários da Lagarta. Por outro lado, circulam pelos jornais alemães outras inverdades, a propósito do salário mínimo em Portugal, no exacto momento em que se fala em mais cortes nos vencimentos dos Portugueses. Segundo o Eurostat, o salário mínimo do país aproxima-se dos 650,00  euros. -  Grande fortuna ! A explicação para o facto é que o salário é pago 14 vezes por ano e não 12 ! Esqueceram-se de esclarecer que, no ano passado, um dos subsídios foi comido pelo aumento dos impostos. Convenhamos que 650,00 euros correspondem a um salário principesco e que dá para baixar. E já agora, como manda o “nosso” Belmiro, obrigar os trabalhadores a labutar quatro vezes mais como fazem os “excelentes” alemães.
Não sei como o Belmiro aguenta 32 horas de trabalho por dia, porque o exemplo deve vir de cima, a comer “canjinhas”, nem sei que peça de roupa a Lagarta irá comprar, nas Hermes e quejandas, com 650,00 euros.


De facto, falta-nos o ar para respirar perante tanta desfaçatez, mentira e ofensa à dignidade humana.

Post de HMJ

3 comentários:

  1. Também não sei quem consegue viver no condomínio do prédio da foto.

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    1. Para MR:
      Também não sei, mas deve ser gentinha sem qualquer consciência cívica, moral e histórica. São os de outras "praças", chamadas financeiras.

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