Convida-se o prezado leitor a acompanhar-nos numa viagem insólita a uma "gruta de Ali-Bábá" representada na imagem acima. Não obstante os avisos prévios, apelando à paciência, condescendência e tolerância do viajante, voltei a reincidir, por dever de ofício, neste trajecto que, há anos, não percorria. Longe estava de imaginar que a estrada de acesso se tinha degradado, mau grado o desenvolvimento rodoviário do país. Sabia, é certo, que, entretanto, surgiram as portagens, com os incómodos inerentes. Não esperava, no entanto, que as salas das estações de serviço se tivessem tornado em bebedouros públicos de garrafas de água de litro e meio. Por último, verifiquei que o "pessoal" ao serviço das estações aprimorou a sua competência social - ou seja, a conversa fiada - sem ter aprendido o essencial da poda, confundindo café com meia de leite.
Dizem os entendidos na matéria que não vale a pena reclamar do péssimo serviço, acautelando maiores dissabores futuros. Contudo, e seguindo a máxima de que à terceira é de vez, resolvi "pronunciar-me".
Passando da ficção à realidade, aviso que o acesso do cidadão ao ANTT implica:
1 - Solicitar, por escrito, autorização para consultar determinado livro. Passado duas semanas poderá ter que responder a perguntas suplementares sobre o perfil e idoneidade do consulente, aguardando, pacientemente, o despacho. Se tiver o azar de pretender consultar um "livro em mau estado", comunicam-lhe que, pagando o restauro de circa de 200 Euros (!), terá direito de o ver.
2 - Quando o investigador ainda consegue ter acesso a um livro, já restaurado, recebe instruções - rigidíssimas - sobre o seu manuseamento. No entanto, e finalmente sentado perante o livro, olha em volta e descobre o insólito: uma garrafa de água, de litro e meio, colocada, "discretamente", debaixo da secretária de uma outra leitora!
3 - Pense bem antes de preencher o "Formulário electrónico de Pedido de Reprodução", uma vez que o ANTT já não dispõe de um auto-serviço de reprodução de microfilmes. A máquina desapareceu - sabe-se lá porquê - obrigando o utente a mais um empecilho e tempo antes de, e mais uma vez, dar com os "burros na água". De facto, o insólito espreita onde menos se esperava. Ou seja, de uma confusão entre os conceitos de foliação e paginação, além de uma leitura pouca atenta de um pedido de reprodução de 3 páginas - verso de uma folha inicial + frente e verso do 1º fólio do manuscrito seguinte - o utente recebe, passado duas semanas, uma fotocópia. Pois claro, era a imagem do fólio, marcado manualmente com o número três !
Afinal, o ANTT tem "pessoal" com enormes competências sociais, de conversa fiada, carecendo de uma formação profissional que lhe devia permitir cuidar, devidamente, da descrição bibliográfica das espécies bem como da sua reprodução. Nesse particular, e infelizmente, não se distingue do exemplo que lhe vem de cima.
Post de HMJ
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