Não obstante a convicção de que o
distanciamento temporal poderá – aliado ao desejo de sobrevivência sã – apagar,
lentamente, memórias funestas, a criatura confronta-se, frequentemente, com os
velhos fantasmas, quer através de uma conversa elevada entre amigos, quer por
efeito de um dos raros artigos de opinião que se tem publicado na imprensa. Li
o excelente artigo de António Guerreiro, publicado na versão electrónica do Expresso com data de 23.7.2012 (?), e
resolvi “pronunciar-me”.
Sobre o “adestramento” de
professores e alunos para os exames, a enorme “industria editorial” que gravita
à volta desta máquina infernal de trabalhar – em vão – para a menorização da
inteligência em prol da estatística, o assassinato da subjectividade,
insubstituível, da literatura a favor de uma pretensa objectividade do
“avaliacionismo” – A. Guerreiro dixit
– nada acrescentarei. Recomendo, apenas, a leitura do artigo citado.
Aproveitando o título do artigo
de A. Guerreio, diria, como na epígrafe, que a “comédia de rigor” se revela,
mesmo à distância, mais trágica e sinistra do que parece.
O docente, “vilipendiado” e
amputado, administrativamente, da sua liberdade de pensamento próprio não
conseguirá, em consciência, atingir o seu objectivo, i.e., contribuir para o
desenvolvimento de um “pensamento crítico” que a escola deveria privilegiar.
O assassinato da leitura e da
literatura, a pretexto da objectividade, elimina o desenvolvimento da escrita,
substituindo-as por uma memorização de “chavões” metalinguísticas que perturbam
pela sua “incoerência, o desajuste e a inapropriação”.
Assim, o país empobrece, de uma
forma silenciosa, e a Europa vai formando uma geração de acéfalos para o
cumprimento de desígnios ainda pouco definidos. O trágico do artigo de A.
Guerreiro não se poderá confundir com o sentido último da Tragédia Clássica. A
Tragédia grega, como a literatura, alimentavam-se da nobreza de espírito, do
pensamento próprio e do ensinamento. Pelo contrário, uma má tragédia e uma péssima
encenação não contribuirão para a elevação do público.
Felizmente “posta em sossego”,
consegui ser “promovida a restauradora Olex” com extremo orgulho, proveito e
gosto.
Post de HMJ
Vou tentar ler o artigo.
ResponderEliminarPara MR:
ResponderEliminarvai ver que valerá a pena. Se não conseguir, tenho o artigo em cópia.