segunda-feira, 16 de julho de 2012

Há manhãs...


Há manhãs em que penso que, até ao fim do dia, o vou encontrar - o Poema. Talvez como aquele de que falava Guilherme de Aquitânia (1071-1127) e que se propôs fazer: "Farei um poema do puro nada. ..." Mas é possível que eu nunca o encontre, na minha vida. Há, felizmente e no entanto, aproximações dessa poesia pura de que falava Guilherme.
Hoje, contento-me com estes versos de João Miguel Fernandes Jorge (1943), que encontrei em Lagoeiros (2011), sob o título Faltam-nos os anjos de outrora:

Esperava-o para o jantar. A cadeira de verga sob
o queixume do corpo
como se o vime tomasse a dor inteira e
a levasse na cor da palha queimada do verão antigo.
Faltam-nos os anjos de outrora
que rasgavam o azul com uma flor de liz
e nos davam a imagem das folhas
a passagem da água.

2 comentários:

  1. Já o tinha lido de manhã e gostei muito. E do Ângelo de Sousa tb.

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  2. Obrigado. O livro, embora muito "açoriano" é de boa poesia.

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