O homem vinha do Ribatejo, com a mulher e os filhos, e plantava-se no meio do meloal, aí a uns bons quilómetros de Quarteira. Aboletava-se num barraco de madeira, tosco e sazonal, com a caçadeira sempre à mão, para intimidar os ladrões furtivos. A partir de Julho, e à distância, havia sempre uns ganapos que namoravam os melões da Sociedade Agrícola, mas o homem sabia bem como protegê-los. A safra colhia-se inteira.
Hoje, comi uma talhada magnífica, ao almoço: suculenta, aromática, madura mas rija, q. b.. A sobremesa saiu, de tão barata, ao preço da uva mijona... E, em conversa com o dono do restaurante, soube que, no ano passado, ele tinha comprado os melões a 30 cêntimos, o quilo. "Este ano, estão um poucochinho mais caros" - disse-me ele. E eu lembrei-me do ribatejano, no Algarve, e perguntei-me quem ganharia com os melões, a preços tão baixos. Sobremesa de Verão, tão simples, e que pode ser tão deliciosa.
O homem que sabia de melões regressava ao Ribatejo, deixando Vilamoura, pelo começo do Outono. Fechava o barraco a cadeado e guardava a chave para o ano seguinte, pondo-se a caminho com a família. Pergunto-me, hoje, se o salário da safra, no Algarve, lhe daria para passar o Inverno, com algum desafogo.
Era, isto, nos idos de 70.
Gosto muito de melão. Mas tem de ser bom. Senão, passa a doce.
ResponderEliminarIa escrever que ainda não tinha comido, mas já comi e bom.
O de hoje, como referi, estava uma delícia, de bom.
ResponderEliminarA fruta este ano está deliciosa: morangos (que esta semana desapareceram), cerejas e ameixas.
ResponderEliminarE estamos no pico da variedade e da fartura. Os figos também estão bons, e os pessegos.
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