Porque uma boa caldeirada pode, havendo restos, ainda dar um magnífico arroz de peixe, tal como o soro do leite, depois do queijo feito, já só filamentos esbranquiçados, pode vir a ser almece deleitoso; também esse molho rico e sápido, com sabor a mar, pode transformar-se, por inspiradas mãos femininas numa belíssima sopa de peixe, porque...
Não me chega a memória, nem a gratidão para as lembrar: A Maria, pelos seus folhados e pastéis de massa tenra, Mª. da L. pelos arrozes de estrugido apaladado, as costeletas de sardinha espalmada da Dª. M., a tarte de alho francês da M. E., as iscas de fígado de borrego da Dona Helena, os sonhos minhotos da Graça a escorrerem calda quase caramelizada, a encharcada doirada de H. e outras coisas que, como Midas, ela transforma em riqueza (gastronómica). Para não falar dos pudins do Abade de Priscos...
E tantos outros nomes anónimos e sabores que se escondem, tantas vezes, atrás de copas sombrias de restaurantes esquecidos, ou modestos, donde vieram para a minha mesa: perdizes maravilhosas, arroz de grelos verdinhos, vitelas estufadas tão macias que quase se desfaziam; línguas afiambradas num baptizado, em Vila Verde, rabanadas natalícias, leites-cremes rescendendo a limão, tostados a ferro quente, em almoços de domingo.
Não me chegam palavras para pagar as minhas dívidas de gratidão para com essas mãos de trabalho, quase celestiais, nas suas obras-primas.
:)
ResponderEliminarBoa noite!