quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Dois casos, num sistema perverso


Foi Albert Camus que afirmou: "Ao homem restam sempre dois direitos - o direito de dizer não e o direito de se ir embora". Os tempos de hoje, no entanto, deixaram apenas uma opção aos homens de bem. Sucintamente:
1. Horta Osório, português, honrosamente pertencendo aos altos quadros do Banco de Inglaterra e Presidente executivo do Banco Lloyds (o maior banco inglês e o oitavo no ranking mundial), por excesso de trabalho e stress, teve um esgotamento, e meteu baixa médica por tempo indeterminado. O Lloyds tinha ido buscar o gestor português ao Banco Santander, em Março de 2011, para que reestruturasse e salvasse aquela instituição bancária britânica. No entanto, desde a chegada de Horta Osório, até agora, e embora já tivesse havido uma reestruturação radical, as acções do Lloyds caíram 56%.
2. Georgios Papandreou, primeiro-ministro grego e pertencente a uma conhecida e respeitada família de políticos helénicos, demitiu-se. Já o seu anúncio sobre a realização de um referendo, para que o povo grego se pronunciasse sobre as medidas de austeridade e permanência da Grécia na zona euro, tinha provocado um abalo nas cúpulas da UE. Foi chamado a Nice, de emergência, para conferenciar com a dupla Merkozy (Angela Merkel e Sarkozy). Pouco tempo depois: demissão. Papandreou era e é um político experiente e a sua saída não se fez de ânimo leve, nem por cobardia. Estava, simplesmente, encurralado.

Esclarecimento posterior: ao que parece, a notícia da demissão de G. Papandreou era, apenas, um rumor ou boato. Que, até agora, não se concretizou. Mas a situação é tão incerta e volátil que todos os cenários são possíveis. E o futuro da Grécia está em aberto, pelas piores razões.

4 comentários:

  1. A liberdade é um direito inalienável e, no entanto, tem um preço. Afirmação porventura contraditória, mas creio que verdadeira. E, pelo que se vê, ninguém quer pagar esse preço...
    Muito bem e adequadamente lembrada, a afirmação de Camus. Curiosamente, ainda há pouco tempo o citei, também. Sinal que vivemos os tempos da Ética (ou da falta dela)...

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  2. "Falta dela", fundamentalmente. Mas o mais incompreensível, é que os políticos não se lembrem do quadro de Brueghel, em que os cegos se arrastam uns aos outros para o precipício...

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  3. Encurralado pela oposição mais que corrupta.
    O melhor seria todos os países fazerem os empréstimos no banco sueco Jak.

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  4. MR, tem que me explicar o que é o banco Jak, sueco. Fiquei em pulgas, e curiosíssimo...

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