quarta-feira, 27 de abril de 2011

Osmose (17)




Sérgio dirige-se para as prateleiras dos CD's, sem opções pré-concebidas sobre o que vai ouvir. Por muito que domine o seu chip pessoal, por vezes, não sabe o que, concretamente, irá escolher ou aquilo que precisa de ouvir: jazz, Mahler, fado, Stravinsky, Trenet, Haydn...Barroco ou romântico? Suave ou a roçar o tom épico das marchas militares? Só perante as lombadas dos discos se vai apercebendo em que estado de espírito se encontra. Retira, então o CD e põe-no a tocar. Relaxa e acende o cigarro. Estende as pernas ao comprido e pergunta-se: "- Quem disse que a poesia era a mais nobre das artes?", e responde, em paz consigo mesmo e convicto, para si próprio: "- Enganaram-se redondamente. É a música."

2 comentários:

  1. Não sei se é a mais nobre (e o conceito de nobreza, neste caso, também me parece discutível) mas concordo que é a mais «imediata». Para mim foi sempre a porta mais acessível...

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