Este "F. M. I.", de José Mário Branco, tem a força e rudeza de um libelo acusatório e a veemência arrebatada e escatológica de um exorcismo. Neste registo, lembro-me apenas de "A Cena do Ódio" de Almada Negreiros, sendo que este último é bastante mais subjectivo e egocêntrico, e não político. Esta "gaguez furiosa" (para usar palavras de Jorge de Lima) tem, no entanto, dois andamentos: o primeiro é um esconjuro violento de sarcasmo irado; a segunda parte tem um lirismo inesperado onde, também, habita a ternura. É uma canção de intervenção esquecida, este "F. M. I." de José Mário Branco, que as ironias e repetições da História (tragédia/ farsa) voltaram a tornar actual e presente. Justificado, e português. Embora, como o disse, a princípio, e repito: não seja para ser ouvido por orelhas sensíveis, dado o seu tom de violência e o uso de um vocabulário que remete para as cantigas de "maldizer" medievais.
Boa noite!
Há 42 minutos
Mas que "boa" lembrança!
ResponderEliminarObrigado, Miss Tolstoi, também achei que era oportuníssimo.
ResponderEliminarInfelizmente, MR...
ResponderEliminar