sábado, 23 de abril de 2011

Latino Coelho e os adjectivos régios



José Maria Latino Coelho (1825-1891) é, ainda hoje, um dos melhores e mais distintos portugueses do nosso séc. XIX. General de Engenharia, escreveu a "História Política e Militar de Portugal...", foi Ministro da Marinha e lente da Escola Politécnica. Sabia grego, era um apaixonado pela Matemática ("...uma das mais gratas voluptuosidades do entendimento") e um estudioso das Ciências Naturais. Mas era, também, um homem bem disposto e com humor. Alexandre Herculano dizia dele: "Latino sabe tudo e o que não sabe, adivinha." Era também conhecido pelos seus ditos oportunos e saídas curiosas e humoradas. A um amigo, uma vez, aconselhou: "Quando uma pessoa tem razão, deve argumentar como homem. Quando não tem, deve discutir como mulher." - pese embora algum machismo da tirada... De outra vez, e vem a propósito dos tempos de hoje, dizia: "Em Portugal, há coisas muito curiosas. Quando se quer engrandecer qualquer coisa, chama-se «real». Armada Real, Real Academia, Real Teatro de S. Carlos, etc. Mas quando se trata de calote, então chama-se-lhe Dívida Nacional ou Dívida Pública". Hoje, ao que parece, os portugueses procederam a algumas inversões, neste particular. Dizemos Teatro Nacional D. Maria II mas, também, Dívida Soberana. Mudam-se os tempos, mudam-se os adjectivos...

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