sábado, 13 de abril de 2019

Bibliofilia 173


Em abono da verdade, devo começar por dizer que, tirando Verlaine e até ao século XX, eu nunca fui grande entusiasta da poesia francesa. Mas o século passado já me trouxe, pelo menos, dois grandes poetas franceses: Saint-John Perse e René Char, de minha frequência estimada, ainda hoje.
Quanto à história, a narração é simples, embora tenha contornos misteriosos que eu nunca descobri.
Aí pelos anos 90, sempre que eu ia à Livraria Artes e Letras (Largo Trindade Coelho, agora, nas Avenidas Novas, Lisboa), namorava e folheava, com particular atenção um volumoso lote de números da revista Po&sie, publicação prestigiada que começara a editar-se em 1977, pela mão do poeta e tradutor Michel Deguy (1930), e que era dedicada a estudos e continha poemas de escritores franceses e estrangeiros, alguns deles traduzidos (Paul Celan, Umberto Saba, Sylvia Plath...). Mas Luís Gomes precificara os exemplares muito caros para o meu gosto: 10 euros os números simples, 15, cada um dos duplos.
Ora, inesperadamente, a Livraria mudou de dono, durante cerca de um ano, passando para a direcção de Carlos Bobone, também ele livreiro-alfarrabista. Que procedeu a rearrumações e à marcação de novos preços dos livros usados, alguns muito abaixo dos antes praticados. E foi assim que eu acabei por limpar a prateleira das revistas Po&sie e, em duas abadas felizes, trouxe de lá 18 números (entre o nº 50 e o 98), ao preço de 3 euros, cada um. E que fazem parte, agora, da minha biblioteca.
Resta acrescentar que, meses depois, a Livraria Artes e Letras voltou a pertencer ao seu anterior proprietário - e aqui é que reside o mistério. No interim, no entanto, eu tinha aproveitado os saldos...


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