Verdadeiramente, eu não posso avaliar, com rigor, se o mérito deste Satíricon se deve a Petrónio ou a Federico Fellini (1920-1993). Admitamos que a sua densidade e riqueza se deve a ambos os autores, que é a forma mais fácil de administrar a justiça...
Produzido por Fellini, em 1969, há cinquenta anos, portanto, o filme baseou-se no texto fragmentário de Gaius Petrónio, em prosa e verso, que o terá escrito, muito provavelmente, durante o consulado romano de Nero.
Vi ontem a película completa pela primeira vez. Para além de um elenco magnífico, o filme tem a marca pessoal e indelével do grande realizador italiano. É barroco, sugestivo e pesado, carnal, cruel de impressionismo e humor, caricatural na caracterização das figuras. Quase arriscaria a dizê-lo genial.
Não lhe faltando sequer essa ironia implacável das acções humanas, tão bem exemplificada por este episódio (em vídeo) da viúva de Éfeso. Que tem esta saída ou tirada final, digna de anexim, que tira a conclusão moral de que: "É melhor enforcar um marido morto, do que perder um amante vivo."
Fellini, no seu melhor, em suma.
Fellini, no seu melhor, em suma.
Quando vi este filme na juventude fiquei chocado e decepcionado talvez por tanta pedofilia, homossexualidade e rituais diversos, numa Babel de culturas, que nos desafiam a ver uma Roma Clássica que, sob os valores de hoje, seria imoral e decadente.
ResponderEliminarTalvez não tenha dado relevo à obra de arte em si mesmo. Limitações da juventude, mas foi assim mesmo que senti.
Anos mais tarde vi essa monumental comédia dramática do surrealismo italiano Amarcord, e aí sim, fiz as pazes com Fellini. Se postar algo sob Amarcord também agradeço.
Boa tarde.
É verdade que não se fica indiferente a tanta insistência, nessas temáticas...
EliminarO "Amarcord" é dos meus "fellinis" preferidos, a que junto "8 e 1/2" e "E la nave va".
Aqui, no Arpose, há dois postes sobre o primeiro filme: a 8/5/2010 (Para um sábado bem disposto) e a 11/12/2013, o "Comic Relief (81)" que, espero lhe dêem gosto rever, pois também são vídeos.
Saudações cordiais.