terça-feira, 9 de abril de 2019

Osmose 104


Da ideia ao gesto, vai uma distância infinita. Todo o espaço que vai do abstracto ao concreto, pelas vias sempre vigiadas do constrangimento, da censura pessoal, ainda que pouco evidente.
Por exemplo, a ternura sempre foi uma palavra envergonhada, raramente se assume como masculina e, hoje, menos ainda. Embora se perdoe, por outro lado, a caridade de não perturbar a alma dos outros.
Sobretudo quando ela é singela, na sua natureza limitada e pueril.
Incomoda-me, às vezes, o isolamento a que me dou, ao ver nos outros o nacional-porreirismo, o meter tudo no mesmo saco. A ausência de critério e de sentido crítico. A indiferença de grau.

2 comentários:

  1. Sobre o conformismo, há que endurecer-se mas sem jamais perder a ternura.
    Sobre a ternura, hoje em dia, quando ela é dirigida a crianças, evito-a. As outras, é uma qualidade que me é cara, tanto como emissor ou receptor. Mas sabe, e talvez seja por isso que não gosto de gatos, ao longo da vida já tenho dado festas e levado algumas arranhadelas. Como dizia Pessoa, "... e do alto da majestade de todos os sonhos", calhou-me assim. Um bom dia.

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    1. Um pouco a despropósito, veio-me à ideia uma certeza que tenho, baseada na experiência de que: a deuses caídos em desgraça, não se lhes deve dar a mão, porque o seu orgulho vai vingar-se, mais tarde ou mais cedo.
      Ora os gatos têm uma soberana indiferença pelos humanos, quando não são traiçoeiros. Também, na infância, tive uma "Violeta", gata de uma tia minha, que me arranhou consideravelmente... Isso acabou por definir, para sempre, a minha atitude para com estes pequenos felinos.
      Uma boa tarde.

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