quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Vontade política e solidariedade europeia


Tenho de confessar, à puridade, que quase já me sinto incapaz, do ponto de vista de resistência humana, para assistir em jornais televisivos ou para ler, em jornais, artigos e reportagens sobre  mais mortes e tragédias de migrantes no Mediterrâneo.
O chutar da bola entre vários dos governos europeus, o negócio de ciganos, quanto a quotas de recepção de refugiados, por parte de alguns primeiros-ministros (o nosso, por exemplo, que é casado com uma guineense) deixa-me perplexo e quase revoltado.
Não quero exceder-me em considerandos, mas gostaria de lembrar alguns factos em que Portugal foi protagonista. Durante a II Grande Guerra, um número considerável de refugiados passou por cá. Alguns, aqui se fixaram, sem problemas. Entre 1945 e 1950, cerca de 1.000 crianças austríacas vieram e foram acolhidas por famílias portuguesas. Em Coimbra, e nos anos 60, tive um casal de austríacos como colegas universitários, que fizeram carreira académica notável. Entre 1974 e 1975, Portugal recebeu cerca de 500.000 retornados das ex-colónias, cuja integração se fez de modo quase exemplar, embora gradual.
Dirão alguns que eram outros tempos e outras gentes - é uma forma cínica de ver as coisas, uma maneira egoista de assobiar para o lado, na minha opinião. De qualquer forma, segundo as previsões, mesmo sem solidariedade, a Europa será um continente de mestiços, em 2050. Não vale a pena tentar iludir a realidade e o futuro. Era muitíssimo mais realista e clarividente prepará-lo, simplesmente.

4 comentários:

  1. Acho que está a ser injusto com PPC, um dos PM europeus que mais tem defendido algum liberalismo nesta matéria (livre circulação dos refugiados no espaço europeu, etc.). No resto, ele limita-se a defender os "direitos adquiridos" da "classe média" e dos "reformados" portugueses. Porque se abrir fronteiras, perde as eleições, pelo voto hipócrita dos que vão perder um pouco do que têm para ajudar os que nada têm.
    Desculpe, eu ando mesmo revoltado.

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    1. Os argumentos são variados e, embora, às vezes, pareçam fazer sentido, são rasteiros e paupérrimos, se analisados com ponderação. É um navegar à bolina, uma falta total de coordenação e estratégia política, um desnorte absoluto na União Europeia.
      É terrível pensar que somos governados por gente (políticos) tão mediocres.

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    2. O que falta à Europa é gente com cabeça, que veja para além de ontem porque nem o hoje conseguem ver.

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  2. Tem toda a razão, infelizmente..:-(

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