Terá tido pouca expressão pública de desagravo, tirando os sindicatos dos sectores de pesca e conserveiro, a notícia-ordem de Bruxelas que atribui, para 2016, uma quota de pesca máxima de 1.587 toneladas de sardinha, para Portugal. No corrente ano de 2015, lembremos, o permitido é 15.000 toneladas. Recordemos também que a indústria conserveira (embora muito menor do que há 30 ou 40 anos) recorre, maioritariamente nos nossos dias, a importações de sardinha de Marrocos e de França, para poder laborar, de forma satisfatória. Importa também lembrar que a entrada na CEE obrigou Portugal a uma redução de 1/3 na sua frota pesqueira. A partida para a Terra Nova, dos bacalhoeiros, depois da bênção cardinalícia, é uma imagem delida no tempo. Só talvez os mais velhos se lembrem ainda disso... Fazia nessa altura algum sentido, no dizer do povo, o ditado:
Em Portugal entra a fome nadando.
Hoje, seria mais acertado e actualizado dizer-se: Por Bruxelas entra a fome em Portugal.
E andam os nossos governantes a encher a boca de mar, apontando-o como destino e oportunidade! São uns cómicos, esses rapazes...
Há falta de sardinha nos mares e não é só por cá. Li há tempos que os pescadores da Califórnia queixam-se do mesmo. E especialistas na matéria dizem que não se devia pescar sardinhas durante uns quantos anos anos, já não me lembro se dois ou três, porque ela está a desaparecer.
ResponderEliminarEstou mais ou menos a par, sobre a escassez que a MR refere. Mas sou desconfiado, e vejo os números das quotas da UE com grande cepticismo. Não estaria à espera de "planos quinquenais", como era de norma nos regimes comunistas. Estes dados, no entanto, são significativos quanto à capacidade (e tantos estudos fiáveis que há...) das previsões (???) dos escriturários e burocratas de Bruxelas. De um ano para o outro, reduzir cerca de 90% da quota é navegar à bolina e revela uma enorme falta de estratégia, para trás e, eventualmente, para diante...
EliminarFinalmente, importava-me sublinhar, neste poste, o irrealismo ou ingenuidade desta gentinha que nos governa, por cá.
Boa tarde,
ResponderEliminarNem todas as decisões que se tomam são políticas, neste caso das sardinhas prende-se pelo fato de estarem a entrar no ponto de não retorno, ou seja, se não for feito nada urgente elas acabam por desaparecer devido ao excesso de captura. E acabando as sardinhas acabam também outras espécies de peixes (mamíferos) que delas se alimentam, caso as baleias, as orcas, os golfinhos e muitos outros.
João
Não ignoro as questões que refere, mas não concordo inteiramente que não haja política (interesses ou negócios encapotados) nas decisões que prevalecem, muitas vezes, em relação ao Ambiente. Os E. U. A. e o Japão são bons (maus) exemplos...
EliminarNão discuto, porém, a necessidade de regular e limitar as predações em terra ou no mar. Censuro, no entanto, a ausência de uma estratégia concertada e lúcida, da parte de muitos governos. Do nosso, então, nem se fala...
Em Portugal qualquer estratégia, salvo honrosas exceções, têm todas a duração de uma legislatura, e quando chega ao fim. Sempre que um governo muda de cor política muda tudo, até a cor do papel higiénico das casas de banho do parlamento. Estou convencido até que a única estratégia dos partidos políticos, e são todos, é chegar ao poder para se poderem governar (os próprios e clientela), e no caso daqueles que sabem que nunca lá chegarão, é conseguir manter ou ampliar o número de deputados na parlamento porque se ganha razoavelmente bem, tem-se regalias acima da média, e em pouco tempo ganham a reforma por inteiro. Mas apesar disto tudo, as sardinhas estão mesmo a desaparecer.
ResponderEliminarQual estratégia, meu caro Anónimo (João? Silva?)!!?
EliminarDesculpe-me, mas a cor do papel higiénico não tem nada a ver com isso. Ou isso da cor tem a ver com a ausência de estratégia.
Uma política para as pescas, sim, uma aposta na Ciência ou na Cultura, também, um investimento público nas energias alternativas, por exemplo.
Meter tudo no mesmo saco, caro anónimo, é como fazer pesca de arrasto e sem critério racional...
As minhas desculpas por não ter assinado a segunda intervenção, foi por desatenção, ou por pensar que ao faze-lo no seguimento da conversa não houvesse dúvidas. Mas as minhas desculpas.
ResponderEliminarSr. APS... António? Pedro? Silva? desculpe mas não consigo identifica-lo :) mas não é importante desde que possamos trocar opiniões de forma cordata e respeitadora. Não concorda comigo?
De qualquer forma, da mesma forma como o senhor não se coíbe de criticar depreciativamente o atual governo, dando a entender que são irresponsáveis, deve entender e aceitar que outros não possam concordar consigo e manifesta-lo. E não sendo eu uma pessoa ligada a nenhum partido ou sequer ideologia partidária, gosto de pensar que estou do lado de fora dela pois assim consigo ver melhor os seus intervenientes. E aquilo que eu vejo é que são todos iguais de uma forma geral, o que não significa que dentro dos partidos, ou das pessoas que com eles se identificam não possa haver pessoas sérias e honestas com vontade de fazer o melhor para o país. Claro, existem partidos melhores do que outros, ou uns mais democráticos e outros não. E neste último caso estou-me a lembrar do partido comunista que não é democrático. Não o é dentro dele próprio, porque o seu líder não foi escolhido em eleições livres e por voto secreto, foi escolhido, e não tarda nada está lá á tanto tempo como o Dr. Oliveira Salazar esteve no poder durante a ditadura, como se um dia atingisse o poder (cobras e lagartos) depressa começaria a minar todo o processo democrático que se vive no país. O mesmo, embora com algumas nuances, admito, todos os partidos de extrema esquerda ou direita. Depois aparecem os partidos moderados como o PS, o PSD, e o CDS, que desculpe, não concorda, mas que eu acho que são essencialmente e na pratica iguais. A governação do PS, tirando o fato de este partido já ter levado o país a bancarrota por três vezes, e tendo cabido sempre ao PSD endireitar a desgraça, no resto são iguais. politicas semelhantes.
Os meus cumprimentos para si.
João Silva.
De qualquer forma e só para terminar, se existem diferenças entre estes três partidos que mencionei, claro que existem, mas já á muito que se esbateram pelas leis dos mercados porque na atualidade são eles que ditam as leis. Um exemplo? A Grécia. Veja lá se o syriza não teve que meter no saco as suas ideologias revolucionárias e fazer o que os mercados obrigaram. As diferenças dos partidos na atualidade são mais matéria para ser estudada nas universidades porque na pratica são relegadas para segundo plano.
ResponderEliminarSobre os seus arrazoados, apenas 3 pontos:
Eliminar1. Se o sr. João Silva fosse um bocadinho mais atento, e perspicaz, já teria podido saber, ao menos, o meu primeiro nome e o meu último apelido.
2. Essa desatenção e ligeireza fazem com que siga, cegamente do ponto de vista político, a "mainstream" correcta. Não lhe faria mal pensar por si, dava-lhe é mais trabalho. Aconselho-lhe a leitura do poste "Citações CCXLV" (17/7/15) - talvez ajude...
3. E porque eu penso que anda enganado a ler o Arpose, dir-lhe-ei, franca e firmemente: está desconvidado de frequentar a nossa casa virtual. "Há mais mundos" (conforme lhe disse, há uns tempos, a um seu heterónimo), por onde se pode entreter melhor.
Cumprimentos finais.
Eu entendo a sua visão esquerdista do mundo, se não está de acordo com a sua forma de pensar, é para eliminar.
ResponderEliminarNão se preocupe, não o incomodo mais.
Cumprimentos. :)
Faltou só pedir que aceite as minhas humildes desculpas, se de alguma forma ofendi, ou se fui inconveniente nas opiniões que aqui deixei. E respeitarei a sua vontade de não querer que volte a este blog. Obrigado.
ResponderEliminarJoão Silva.