terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Dois pequenos fragmentos de H. H.


"...Qualquer poema é um filme, e o único elemento que importa é o tempo, e o espaço é a metáfora do tempo, e o que se narra é a ressurreição do instante exactamente anterior à morte, a fulgurante agonia de um nervo que irrompe do poema e faz saltar a vida dentro da massa irreal do mundo.
Não existe outra metáfora que não seja o espaço; aquilo a que chamam metáforas são linhas de montagem narrativa, o decurso da alegoria, o espectáculo.
(...)
A pintura tem um movimento potencial. Seria possível pôr um quadro a mover-se? Eu sei que a pintura anda de um lado para o outro; o segredo da sua trajectória refere-se à nossa intensidade mágica, ao que chamamos o milagre ou a maravilha orgânica do mundo. ..."

Herberto Helder, in Cobra (pgs. 12 e 14).

5 comentários:

  1. Tb achei.
    Quanto ao quadro a mover-se: há um quadro, na primeira sala do Museu do Prado, que tem uma grande mesa, cujo ângulo muda consoante nós a observamos da esquerda ou da direita. O quadro não se move, mas a pintura... Não me lembro do autor; talvez o Jad o saiba, dado que foi ele que me alertou para isso.

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  2. Uma experiência deveras interessante, que bem gostaria, também, de experimentar..:-)

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  3. Talvez...mas com madura reflexão, chega-se lá..:-)

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