quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Civilidade (31)


O cerimonial das refeições da corte portuguesa proporcionava, a alguns representantes das casas nobres lusitanas, ocupações que, hoje, consideraríamos insólitas ou difíceis de entender. Vamo-nos socorrer de Alberto Pimentel (Diccionario de Invenções..., Lisboa, 1876) para melhor as caracterizar e definir as suas atribuições. Assim:
"A côrte portuguesa costumava comer em publico, e com deslumbrante apparato desde o tempo de D. Affonso V. Assistia á mesa um trinchante, que cortava as viandas, até ao reinado de D. João III. D'ahi por diante os trinchantes foram dois, e no reinado de D. João IV eram três, escolhidos em outras tantas cazas nobres.
Á direita do trinchante ficava o uchão, e ao pé o servidor da toalha; á esquerda o mantieiro. Os moços de camara, precedidos habitualmente pelo prestes da cosinha e nas grandes festas pelo mestre-sala, traziam as iguarias. O servidor da toalha recebia os pratos, que punha na meza; o uchão chegava-os ao trinchante, que, depois de trinchados, os servia a el-rei, até que o mantieiro os tirava, e punha outros. O copeiro-mór era o fidalgo que chegava o pucaro de agua a el-rei. Quando el-rei fazia signal de querer beber, o copeiro-mór recebia do copeiro-menor o pucaro, e ambos se aproximavam acompanhados de dois porteiros da cana, que faziam cortezias, e ajoelhavam. El-rei bebia inclinado sobre a meza, e dava depois o pucaro ao copeiro-mór, que lh'o havia entregado. Nos grandes banquetes era ainda mais luzido o cerimonial. ..."

2 comentários:

  1. Pena é que nos tenhamos de socorrer de iconografia estrangeira, que a nossa...
    Bom dia!

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  2. Tive que pedir ajuda ao Duque de Berry..., porque, na verdade, a iconografia nacional é paupérrima.
    Bom fim-de-semana (que já está próximo)!

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