Por convicção inconsciente, muitas vezes e de forma quase automática, mudo, nas fruteiras, a posição dos frutos (pêssegos, morangos, maçãs, laranjas e figos, sobretudo), na secreta esperança de que não fiquem pisados ou apodreçam mais depressa, por força do peso que suportam, sempre do mesmo lado. E volto a virá-los, se ainda lá estão, passados dois ou três dias. Crenças...
Entre os milhões de apaixonados pelo futebol, transversais no Mundo, e o concentrado amor do cientista que se dedica ao estudo do Peixe-zebra (Brachydanio rerio), mesmo depois de descodificado o seu genoma, vai a diferença de um número infinito. Creio que, de momento, há cerca de 10 pessoas a investigar o comportamento e genoma do referido e pequeno peixe. Afunilamentos...
Não me posso esquecer de um tal sr. Martins, vimaranense e dono de duas florescentes cervejarias, que, sempre que o Vitória de Guimarães perdia, em casa, se encerrava no seu quarto de janelas fechadas, após a derrota, e se enfiava na cama. E lá ficava, isolado e silencioso, até se levantar para ir trabalhar, na manhã da terça-feira seguinte. Paixões...
Este hábito era bem conhecido na cidade, mas nunca comentado - respeitavam a atitude.
Qualquer dos exemplos me parece, abstractamente, uma forma de solidão. Muito embora me venha à memória uma frase, dita em 1964, por uma francesa muito jovem, para classificar uma atitude que ela achava absurda ou estranha. "Ce n'est pas amour, c'est rage!..."
Gosto muito da sua escrita, e acho que vou seguir o velado conselho quanto à fruta, porque está sempre a estragar-se em minha casa. Quanto ao Sr. Martins e aos que estudam o peixe, acho que fazem eles bem. Pelo menos têm uma mania inofensiva...
ResponderEliminarPois muito lhe agradeço a preferência.
ResponderEliminarQuanto à fruta, não garanto que dê resultado, mas também não se perde nada...
E, sobre o resto, eu acho que é sempre bom, e fundamental, ter um ou mais objectivos na vida, mesmo que pareçam menores, para os outros.
Também costumo fazer isso com a fruta, até porque só gosto de fruta madura. Não sei se dá resultado. :)
ResponderEliminarQuanto ao adepto de futebol, acho que a frase da francesa se aplica na mouche.
Fiquei satisfeito com a similitude frutícola das nossas tentativas conjuntas...
ResponderEliminarÉ, realmente, uma frase bem oportuna para estes casos singulares.