terça-feira, 26 de novembro de 2013

Doris Lessing, sobre o Além


Quando, aqui há onze dias atrás, soube da morte de Doris Lessing (1919-2013), eu, que já lhe tinha dedicado dois postes no Arpose, na altura, não encontrei nada de novo, para lá da estima intelectual  que lhe tinha, para dizer. Fui ler o seu discurso de recepção do Nobel (2007): texto grande, bem escrito, onde ela aborda, de forma singular, a injustiça no Mundo, a pobreza em África e a sede por leitura das crianças nas escolas africanas, onde normalmente não há livros, e a ecologia, revelando o seu grande amor pela Natureza.
Mas, aqui no Blogue, pensei que não tinha nada de novo para dizer, e calei-me, até porque o ciberespaço estava cheio, nesse dia, como aliás é habitual em casos de morte, de loas, citações, lamentos sobre a desaparição da grande escritora britânica e, por isso, tudo o que eu dissesse seria redundante e circunstancial.
No entanto, hoje, ao ler no último "l'Obs" (nº 2559) uma recolha antológica sobre alguns textos das entrevistas que fizeram a Doris Lessing, achei que merecia a pena, trazê-la aqui, de novo, traduzindo as suas palavras sobre o depois da morte. Que revelam, humanamente, o seu enorme amor à Vida, também. Eis a sua reflexão:
"...Um pouco do nosso espírito deve ir para algures. Um pouco do essencial de nós mesmos, mas não me perguntem o quê. Disso falam todas as religiões. E, por isso, deve haver um fundo de verdade. Em todo o caso, eu sei aquilo que me vai fazer falta: que é toda a intriga da vida. A batalha do bem e do mal. Onde ninguém ganha nunca. E que peça de teatro! Sim, isso faz-me ficar nostálgica. Mas pode acontecer que também se represente esta peça, lá em cima, quem sabe?"

4 comentários:

  1. Gostei muito de ler essa interessante reflexão sobre o depois da morte.
    Li vários livros da Doris Lessing, uma das minhas escritoras favoritas.
    Boa tarde!

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  2. Embora um pouco irónica, parece-me também uma reflexão deveras interessante.
    Boa tarde, Isabel!

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  3. Fiquei a meditar nestas palavras de Doris Lessing. E, como crente que sou no progresso da humanidade em direção a um mundo melhor, sobretudo mais justo - apesar destes retrocessos que todos sentimos atualmente - custa-me a aceitar a ideia de que na batalha do bem e do mal, ninguém ganha nunca. Nunca mesmo? Então não vale a pena continuar a luta?!
    Boa tarde!

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  4. A minha leitura interpretativa é que um Ideal nunca é plenamente atingido.
    Nalgumas batalhas vence o mal, noutras, o bem. Mas a guerra não acaba, há-de continuar sempre. Até, às vezes, dentro de nós mesmos. Por isso, vale a pena lutar.
    Uma boa noite!

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