quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Apontamento 29: Serviço Público



Decididamente, este Apontamento exige uma declaração inicial de interesse. Assim como este Governo, em particular, não sabe o que é serviço público, e por isso não “no estima” – como Camões dizia da Cultura -, anda por aí “mui gentinha” a viver à custa dele, arrasando-o, quanto pode nas suas conversas, e minando-o, silenciosa e quotidianamente, num caminho perigoso que põe em causa os princípios fundamentais da democracia. Neste, como noutros aspectos, os extremos tocam-se, ou seja, o “lumpen-proletariat” e a “lumpen-burguesia” encontram-se na perfeição.
O estrato social do meio, a chamada média-burguesia, constitui, pela sua defesa de valores e princípios, uma “camada” a abater. Pela dificuldade de subjugar o seu livre pensamento, assente na solidariedade e fraternidade, enfim na paz, assistimos, em todo o espaço europeu e, sobretudo no Sul, ao seu estrangulamento financeiro com o objectivo de o arregimentar, ou seja, “reunindo-o no bando” daqueles que carecem de uma noção mínima de respeito para com a democracia.
No meio deste “turbilhão” a que assistimos, existem alguns pretensos “servidores do Estado” que se põem à jeito, servindo os interesses governamentais da declarada ineficácia do serviço público com uma prestação autoritária, alimentada com pequenos truques de conivência e até pequeno “tráfego de influência” perante os “lumpen” inferiores e superiores. Enfim, fizeram a sua opção de sobrevivência num mundo de descalabro em que vivemos.
Com efeito, aqueles que, ainda, nos idos de 1973 frequentavam os Centros de Saúde, e até os Hospitais, guardarão, certamente, uma memória inesquecível do país. A diferença na evolução dos chamados “cuidados de saúde” é abissal, sem dúvida. Infelizmente, o que se está a recuperar é uma “cortina de fumo” anti-democrática, feita de “funcionários e siguranças [sic]”, que impede e dificulta o acesso ao tratamento.
Como não acredito na ingenuidade da presente política para o SNS, julgo que o estrangulamento se voltou para a parte administrativa do seu acesso, favorecendo esquemas, conivências e influências abjectas.
À semelhança de outro direito, a saber, a livre circulação dentro das cidades, em que a segurança se transferiu para os “arrumadores”, também passamos a ter “siguranças” para o acesso à saúde.
É pena que alguns já se esqueceram desse “longínquo” passado e que não se levantem em peso contra essa nova cortina de fumo que se vai instalando paulatinamente.

 Post de HMJ

3 comentários:

  1. Sabem lá o que é serviço público. Só sabem quando vão para as clínicas privadas e depois têm de ser transferidos para os hospitais públicos para serem tratados de qualquer coisa mais grave. E depois ainda temos de ouvir aqueles mimos do Sr. Pingo Doce a dizer que foi operado à borla num hospital público, quando podia pagar. Se isso o incomodou tanto, porque não pegou nesse valor e fazer uma doação ao hospital?

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  2. E também se lembram do serviço público quando os bancos estão à beira da falência ou já mesmo falidos.

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  3. Para MR:
    para mim, o senhor Pingo Doce pertence ao passado. Nunca mais entrei nas suas lojas. Quanto à sua fundação, caridosa, parece que dá muito sustento a alguns.

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