sábado, 23 de novembro de 2013

O sagrado e o simbólico


Dar um sopapo no Presidente da República ou passar uma rasteira a um Primeiro Ministro, não sendo concretamente proibidos pela nossa Constituição, configuram, no entanto, uma atitude sujeita a penalização judicial.
A própria Igreja Católica atribui um valor simbólico, mas também sagrado, à hóstia abençoada, muito embora - era eu criança - as sobras das obreias fossem vendidas à porta da fábrica. Para quem quisesse dissolvê-las na boca e engoli-las, na sua imaterial leveza diáfana, laica.
Na subida para o Parlamento, há lanços de escadas permitidos a todos. Mas também há lanços de escadas defesos, que nem todos podem subir, sobretudo, aos magotes, ou em períodos de manifestações. E, embora esses lanços vedados não constem da Constituição, essa tradição cívica, não expressa, é normalmente respeitada.
Legislar contra a Constituição será legítimo e legal?
Os últimos tempos, levam-me a grandes dúvidas.
Mas, como diz o povo: "Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti."

4 comentários:

  1. Isto da polícia ultrapassar as barreiras é inconcebível!

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  2. No facto, há, infelizmente, muito de corporativo e, por isso mesmo, indesculpável.
    Mas também é verdade que há muita injustiça e raiva acumulada, muita agressividade reprimida.
    As palavras recentes de Mário Soares não são tão irreais como isso. Muito menos senis, como alguns palermas querem fazer crer, para seu conforto psicológico e tranquilidade pessoais, deles próprios...
    Volto ao povo: "Quem semeia ventos, colhe tempestades".

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  3. Eu sei isso. Acho que a polícia tem de ter um subsídio de risco quando anda na rua, tem de ter as fardas pagas, etc., mas ultrapassarem as barreiras para mim é demais porque amanha estarão a malhar em quem o fizer.
    Para mim é assim um pouco como aquelas manif. de prof,, no tempo da Maria de Lurdes Rodrigues. Como é que os prof.conseguiam ensinar e manter a disciplina dentro das aulas, depois dos alunos os terem visto naquelas maravilhosas figuras na tv?.
    Claro que concordo com o Mário Soares. E ele quando pede a demissão do Cavaco sabe do que fala. Nós é que não percebemos que ele está muito para a frente.

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  4. É evidente, MR, que acho que foi um precedente perigoso. E concordo, inteiramente, com aquele cenário patético, e antigo, dos professores. A dignidade é fundamental.

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