sexta-feira, 1 de novembro de 2013

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Dá gosto ler um texto assim. Porque nos agita os neurónios, tem a elegância limpa de não usar palavrões e diz verdades como punhos.
Vem na ípsilon, do jornal Público de hoje. E foi escrito por António Guerreiro. 
Há que clicar sobre esta crónica magistral, para aumentar. E ler.

7 comentários:

  1. Deixe-me cá fazer o habitual e provocador contraditório. Não me leve a mal, por favor.
    Não usando palavrões, esta crónica tresanda a ajuste de contas com o Expresso.
    Pelo meio há verdades, sim. Mas encavalitadas, mal encaixadas, sem se entender bem o fio condutor.
    Para atacar o Expresso, ataca pelo lado dos seus leitores: os lumpen-burgueses, que são a matriz da cultura do jornal, e os outros, pequenos burgueses ou não, que acefalamente o compram e (fingem que) leem ao sábado.
    Parece contente porque, no fundo, o Público fez a opção de não noticiar as desavenças do elegante casal lisboeta. Mas se olhar com atenção, verá que o Público escarafuncha muitos outros assuntos, quantas vezes atropelando outras éticas.

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  2. Há já tão pouca gente a pensar, seriamente, em Portugal, que encontrar um texto assim, é uma alegria oásica que eu não posso deixar de saudar com entusiasmo mental.
    Claro que há também um ajuste de contas. Mas como é que poderiam dizer, de dentro dos aposentos dourados do "Expresso" que os textos dele não faziam o pleno do leitor médio do jornal?... Lá diz o povo: quem não se sente, não é filho de boa gente. E creio que A. G. esperou o tempo suficiente para contraditar, com frieza, elegância, verdade e inteligência. Embora também com extrema severidade e rigor.
    Eu percebo-lhe, na crónica, o fio conductor: a "ética" venal do nosso tempo. Parece-me ser esse o objectivo a tracejado, mas claro para mim, do texto.
    É evidente que o "Público" não é um jornal imaculado (e haverá algum, em Portugal?), porque pesca também em várias águas: umas mais limpas, outras, bem turvas. E, quanto a colaboradores, bem sabe, meu caro Artur Costa, há alguns bem medíocres, que fazemos o favor de ignorar e não ler...
    Polemizar cordialmente consigo é sempre um gosto - creia-me, sinceramente. É também uma forma de melhor me situar, e pensar melhor.

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  3. Eu que toda a vida fui uma grande leitora de jornais, hoje passo dias sem comprar um: o Expresso há anos que não compro (na verdade, talvez o compre uma vez por anos, quando sai alguma coisa que não posso deixar de ler); O Público deixei de o comprar no tempo do José Manuel Fernandes (não gosto de jornalistas facciosos e persecutórios) e com esta Bárbara melhorou um pouco, mas o jornal está fraquíssimo (compro-o, à vezes, ao sábado para ler o Fugas).
    Vou dizer o que vos pode parecer uma barbaridade, mas o jornal mais informativo (que é o que pretendo num jornal diário) é o Correio da Manhã que não compro porque tenho vergonha.
    Estas nojies (Babá e Carilho) vendem e é o que os jornais querem. Quando o Carrilho foi nomeado ministro, uns jornais (poucos) falaram, ao de leve, que ele tinha batido na primeira mulher. Na altura, não lhes interessou. Deviam estar à espera de umas benesses.

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  4. De acordo que, a partir do adeus de Vicente Jorge Silva, o "Público", com pequenos altos e baixos, só piorou, acompanhando uma deriva venal e de "share" que infectou toda a informação portuguesa. Aliás, como de algum modo, lá fora: até o próprio "Obs.", que comecei a comprar, intermitantemente, desde 1969, acusa estes tiques "chineleiros", por vezes...
    Não há por onde escolher. Vale ao "Público" ter 4 ou 5 articulistas que salvam a face do jornal e justificam, de algum modo, que eu o compre diariamente. Milagrosamente, a "ípsilon" de ontem tem muito boas leitoras: além da crónica certeira de A. G., uma entrevista muito interessante a Claudio Magris.
    Mas estou muito céptico: a tendência é para piorar...

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  5. Se me permitem, estão os três cheios de razão em tudo o que dizem.

    Uma nota para Artur Costa. Piores do que esta, muito piores (de baixeza, falta de nível e mediocridade, tudo coisas de que não acusaremos, convenhamos, A. Guerreiro), e ambas, por coincidência, atacando cronistas do Expresso, foram a do invariável Vasco Pulido Valente a propósito de «Equador», de Miguel Sousa Tavares, e as (lembro 2 ou 3, podem ter sido mais) da inenarrável Maria Filomena Mónica sob qualquer pretexto, ridículo ou nem tanto, para destilar um ressentimento crónico contra Boaventura de Sousa Santos (nem se entende porquê, o homem nem parece merecer nada de grande, agrado ou desagrado...). Para a destilaria de Pulido Valente, o jornal abriu duas ou três das suas páginas. Para a de Mónica, outro tanto. Já o vinha mostrando há muito, mas para mim foi essa a definitiva prova da queda no charco. Isto para nem discutir o algo espantoso critério editorial de abrir tanto espaço em papel para um livrito de versos qualquer que Boaventura teria publicado na juventude - crítica literária 30 anos depois, ou coisa que o valha. Notável.

    Outra nota, esta para MR. Chamar faccioso e persecutório a José Manuel Fernandes parece pouco. Piores ainda, a mediocridade exasperante e a falta de carácter. Sabe como é que o homem chegou a director? Se não souber, pergunte a qualquer dos jornalistas mais antigos do Público. Explicar-lho-ão melhor do que eu, que ouvi a história a um deles - em quem confio plenamente, porque não é senhor para mentir.
    Não é de admirar que estes episódios que referi se tenham passado no consulado dele. A queda no charco foi com ele e, na muito maior parte, por ele também. (Ainda hoje lembro como das coisas mais risíveis que li em toda a vida uma recensão «crítica» de louvor que o «jornalista», em incursão histórica toda lampeira, resolveu fazer a um livro de História Antiga sobre a queda de Roma, de que não recordo o nome. Creio que foi o último número do «Mil Folhas», antes de começar o «Ipsilon». Quem o tiver, vale a pena guardá-lo. Talvez fique para a História, a coisa.)

    Para APS: pois, o mal é que não há mesmo mais nada para ler. Está tão mau, e é ainda assim o menos mau. Pobre país.

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  6. Cheguei a ter ilusões com o i, nos seus primeiros meses. Novo estilo, rigor, objetividade. O que se pode chamar lufada de ar fresco. Depois, deve ter acabado o dinheiro e lembraram-se que tinham que vender mais.

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  7. Pela parte que me toca, tenho a agradecer-lhe o pertinente comentário, e a sua visita.
    Pobre país, realmente. Resta, como disse um velho a Eugénio de Andrade, tirar a alegria do Sol, que ainda nos visita generosamente. Ou, como diz Rui Tavares, ir buscar coragem à imaginação.

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