segunda-feira, 11 de novembro de 2013

A par e passo 65


Se eu sou francês, sê-lo-ei até ao ponto em que o meu pensamento se constrói e fala a si mesmo em francês, e segundo as possibilidades instrumentais da língua francesa. Este idioma tem as suas virtudes e os seus vícios (relativos): ele não dá licença de compor palavras; abunda em restrições; e é bastante pobre naquilo que diz respeito ao vocabulário psicológico. Ora, aquele que pensa numa determinada língua persegue, de expressão em expressão, uma satisfação íntima que ele espera de cada uma das expressões; mas estas, quaisquer que elas sejam, terão de estar conformes às exigências deste idioma, modificadas pelas suas singularidades, subordinadas às suas seduções.

Paul Valéry, in Regards sur le Monde actuel (pg. 223).

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