Ainda não são 8 horas, quando o sol, ao longe, começa a ganhar corpo e luz, por trás das altas chaminés do Barreiro. Reflecte-se na inclinação oblíqua e húmida dos telhados, ainda molhados da chuva nocturna.
Mas, pouco depois, um véu diáfano de nuvens médias entre cor de laranja e cenoura tapam-lhe o brilho e absorvem-no de todo, num abraço de penumbra. Surgiu uma pomba solitária no terraço da casa defronte e duas gaivotas parecem patrulhar o rio, a meia altura.
Faz-se ouvir o ronronar de um avião, que vai alto e invisível. Em baixo, o sacolejar metálico do eléctrico, nos trilhos, arranha o silêncio matinal. Uma segunda pomba, arrepiada, faz a sua aparição, e o sol ressurge, em plenitude.
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