quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

A gula pelos "best-sellers"


A cândida alma de muitos leitores, um pouco acríticos, é sempre atraída pelas tabelas de best-sellers que jornais e revistas publicam, para melhor vender o seu produto. Assim se faz a fama (efémera) de um escritor e o sucesso (breve) de um livro. Um ano depois, na maioria dos casos, já ninguém se lembra deles, e os livros são  vendidos, em feiras de ocasião nas estações de Metro, com descontos substanciais, guilhotinados pelas Editoras, ou até vendidos a peso para comerciantes de papel velho. É a voragem deste nosso tempo.
Sobre o assunto, Manuel António Pina (1943-2012), numa entrevista, incluída em "Dito em Voz Alta" (Presença, 2007), tem palavras muito certeiras e irónicas. Seguem:
"O que hoje acontece é que também a literatura foi alcançada (e como poderia não ser?) pela gritaria mediática e mercantil, que permanentemente exige «produtos novos», o que, no caso da literatura, significa encontrar um génio novo ao virar da esquina. Daí não vem mal (nem bem) nenhum ao mundo. Os media usam e deitam rapidamente fora. Do mesmo modo os «fenómenos» de vendas. Não vejo mal nenhum em que um mau livro (o que quer que seja um mau livro) venda milhões. Vender livros é hoje um negócio como outro qualquer. A literatura é, porém, outra coisa. Os livros de mortalhas Zig-Zag são best-sellers há anos e não passam a ser literatura por causa disso..."

para H. N., por razões de princípio.

2 comentários:

  1. O pior é que há aqueles livros que "pingam" todos os anos, de bons autores, e que também acabam guilhotinados porque as editoras não estão para os ter em armazém.
    Quanto à citação de M. A. P., na mouche.

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  2. Tem razão, MR, que o diga Maria Velho da Costa, ou dissesse Saramago, da Caminho-Leya, agora do Paes, que não deve ler nada - só conta...

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