Relação da Desordem e do Possível
XXIV
O espírito vai, no seu trabalho, da sua desordem à sua ordem. É importante que conserve até ao fim, as suas potencialidades de desordem, e que a ordem que ele começou a organizar não una tudo tão completamente, nem seja como um rígido mestre, e que ele não possa modificar ou usar da sua liberdade original.
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XXV
Aquele que está a meio de fazer uma bela obra apercebe-se por entre os seus próprios interstícios da beleza dessa obra.
A impressão de Beleza, tão loucamente procurada, tão vagamente definida, é talvez o sentimento duma impossibilidade de variação, de uma mudança virtual; um estado limite tal que toda a variação o torna demasiado sensível de uma parte, demasiado intelectual de outra.
E esta fronteira comum é um ponto de equilíbrio.
Paul Valéry, in Tel Quel II (pg. 184).
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