domingo, 8 de janeiro de 2012

Um poema de juventude de J. R. Jimenez


Alba

Quedava-se
a roda
da noite...
               Vagos anjos malva
apagavam verdes estrelas.

Uma cintura tranquila
de violetas suaves
abraçava com amor
a terra pálida.

Suspiravam as flores ao despertar do sonho,
embriagando o orvalho com os seus aromas.

E pela fresca margem dos fetos rosados,
como duas almas nacaradas,
descansavam adormecidas
nossas duas inocências.
- oh! que abraço tão branco e tão puro! -,
de regresso às terras eternas.

(1898-1902)

Nota: "Alba" é um poema de extrema juventude, de Juan Ramón Jimenez (1881-1958), que terá sido escrito por volta dos 20 anos. Notam-se, ainda, os ecos do simbolismo, e porventura alguma influência de Rúben Darío. O poema está incluído no volume póstumo "Livros Ineditos de Poesia" (Aguilar, 1964).

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