A história é breve. Por uma feliz coincidência, em finais dos anos 80, apercebi-me do paralelismo entre uma carta de António Nobre, enviada a Alberto de Oliveira, e o soneto 12 da segunda edição do "Só". A carta foi escrita em Paris, a 2 de Fevereiro de 1891, e o soneto viria a ser escrito mais tarde, em Colónia, em Novembro do mesmo ano. Transcrevo a parte mais importante da carta que revela, de algum modo, as raízes do futuro soneto: "...Alberto, manda-me notícias! Jornais aos montes, recheados de tipo normando, crivados de pormenores, com a cópia de quantos telegramas têm nestes dias atravessado os fios de arame que eu vejo além, meu Deus! sob um lindo céu cheio de sol, atacadinhos de pardais de todo alheados do "pronunciamento", nem por isso lhe oscilando as patas sobre as palavras - Revolução! 30 mortos! 100 feridos!... - que passam. ..."
António Nobre queria saber notícias do 31 de Janeiro (1891), no Porto, onde teriam entrado os seus amigos Basílio Teles e Sampaio Bruno. O soneto foi feito, já a frio e mais tarde, na Alemanha, mas tem imagens que aproveitou desta carta. Vai o poema, para cotejo, reproduzido da edição do "Só", fac-similada (da edição corrigida por Nobre), promovida por José Augusto Seabra, em Paris, para celebração do centenário (1992) da publicação do livro.
Nota pessoal: o tema desta minha feliz descoberta foi tratado, desenvolvidamente, e publicado em "Cadernos do Tâmega", nº 8, de Dezembro de 1992.
Não me lembrava deste poema. Uma feliz descoberta, na verdade.
ResponderEliminarNele deve ter "bebido" o O'Neill no poema "A Central das frases" (creio ser este o título). Sorte e memória ajudam-se bem..:-)
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