segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

4 fragmentos de René Char, em versão livre e pessoal


86
As mais puras colheitas foram semeadas num solo que não existe. Elas recusam a gratidão e nada devem, senão à primavera.

93
O combate da perseverança.
A sinfonia que nos levava, morreu. É preciso acreditar na alternância. Tantos mistérios que não foram devassados, nem destruídos.

98
A linha de voo do poema. Ela devia ser sensível a cada um.

102
A memória não tem acção sobre a lembrança. A lembrança perde força contra a memória. A felicidade não sobe mais.

Nota: a capa do livro em imagem tem uma ilustração de Georges Braque. A obra é a tradução para alemão, feita por Paul Celan. Os poemas de Char, originais, foram escritos no Maquis, entre 1943 e 1944, sob o título de "Feuillets d´Hypnos".

2 comentários:

  1. Muito belos. Gostei particularmente do primeiro.

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  2. Ainda bem que gostou, MR. Apesar de já ser selecção minha, inclinar-me-ia para o último fragmento(102).

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