domingo, 1 de janeiro de 2012

Soneto de Ano Novo, de Sá de Miranda


A Diogo Bernardes

Neste começo d'ano em tam bom dia,
tam claro, por que não faleça nada,
me foi da vossa parte apresentada
vossa composição, boa à porfia.

De que espanto me encheu quanto ali via!
E mais em parte cá tam desviada
sempre até'gora da direita estrada
de Clio, de Calíope e Talia.

Oh! que enveja vos hei a esse correr
pola praia do Lima abaixo e arriva,
que tem tanta virtude de esquecer!

O que estes tristes corações aliva
do pesar igualmente e do prazer
passado, que não quer que inda homem viva.

Nota: texto fixado por M. Rodrigues Lapa (1942).

3 comentários:

  1. «Horas breves de meu contentamento,
    Nunca me pareceu quando vos tinha,
    que vos visse tornadas tão asinha
    em tão compridos dias de tormento.
    (...)»

    Não devia ser este... :-) Bom Ano, APS!

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  2. Obrigado pelos votos amigos, c.a..
    Não sendo dos melhores sonetos de Sá de Miranda, gosto particularmente do "correr/ pola praia do Lima abaixo e arriva" pela frescura e leveza da imagem.

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  3. Creio que fui demasiado sucinta no meu comentário :-) Referia-me ao facto de Sá Miranda ter dedicado este soneto à «composição, boa à porfia», de Diogo Bernardes. Creio que o soneto mais conhecido de Diogo Bernardes é o «Horas breves de meu contentamento...», praticamente igual a um outro, de Camões...

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