para o fá sustenido de ternura
que não ama ninguém, senão o acto
de ir subindo, mental, pela fecunda
solidão do espírito, do vasto
horizonte espacial da escuta.
...
Leio estes versos, de um poema de Echevarría (Via Analítica, pg. 147), na varanda a leste, ao fim da tarde, enquanto o vento se levanta gradual e o giz de um jacto alto desenha um traço tremido e branco no azul imenso.
Silêncio logo após interrompido pelo ladrar desconforme dum cão vadio, reagindo a alguém que julga ter-lhe invadido o seu espaço térreo. Não sei se terá sido a criança estridente que, pouco depois, lança um grito desmesurado.
Salva-me o fim da tarde, em contraponto, o canto harmonioso do melro anónimo escondido na folhagem verde, lá ao fundo.
Há dias, porém, a que nos vamos afeiçoando devagar. Ou porque as horas da manhã correram bem, ou, talvez, porque encontrámos a leitura certa ao fim do dia.
Como um soneto que vai crescendo para o verso final, num desaguar que nos parece perfeito.
Sem comentários:
Enviar um comentário