quarta-feira, 24 de abril de 2019

Em jeito monográfico, uma colaboração amiga de A. de Almeida Mattos



Aqui há umas dezenas de anos a pergunta “És de Ramalde ? “ não seria bem um insulto mas uma provocação.
Ramalde é uma freguesia do Porto, com o nome arcaico de Riamhaldi com origem anterior, uns séculos, à Fundação, quando os monges de S Bento chegaram ao território. 
Só a partir dos anos 50 chegaria o desenvolvimento industrial, com a criação de bairros  económicos ( 12) - um deles chamado Campina, escolas, armazéns.
A par aparecem áreas residenciais de luxo, marginais à Boavista.
Saídas rápidas da cidade, abertas desde então, alteraram completamente a zona de forte ruralidade.
Dominada por três casas: casa e quinta da Prelada, iniciada em 1754, de grande tradição, com um conjunto paisagístico delineado por Nasoni, com um jardim labirinto que dizem ser o maior da península, e onde funciona o Arquivo da Misericórdia.
A casa e quinta do Viso, ou do Rio, por estar junto da ribeira Agrela, com capela votada a St. António, casa apalaçada de 1764, veio a pertencer aos senhores da casa e morgado das Virtudes, ascendentes do escritor Mário Cláudio.
A terceira casa, casa de Ramalde ou Casa Queimada pelo incêndio que sofreu nas invasões francesas, também atribuída a Nasoni, em 1968 foi abrigo do Museu Nacional da Literatura, por alguns anos, dirigido por Mário Cláudio, que dessa experiência guarda saborosas histórias.
Este arrazoado para insistir na ruralidade da zona onde pastavam pacíficos  bovinos, não sei se de raça barrosã ou cachena, mas, como se vê na foto, muito bem armados.
Assim, ser de Ramalde significaria, pelo menos, não caber nas portas...

Nota: o Arpose acolhe, com grato regozijo, esta colaboração de António de Almeida Mattos.


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