terça-feira, 23 de abril de 2019

Bibliofilia 174


Dia Mundial do Livro - dizem. E dos Direitos de Autor, que se celebram hoje, convencionalmente.
Ora, o livro mais antigo, que eu tenho na minha biblioteca, é ainda do século XV, porque a sua data de impressão é de 1600, considerado o último ano desse século, para efeitos de demarcação, no tempo.
Trata-se de Primeira Parte das Chronicas dos Reis de Portugal, de Duarte Nunes de Leão, impresso em Lisboa, por Pedro Craesbeeck. Uma primeira edição que Tarcísio Trindade (1931-2011) anotou, a lápis, de "raríssima", na sua caligrafia limpa e característica. Ao invulgar volume, falta-lhe infelizmente a folha de rosto e o índice, o que desvaloriza o livro. Mas a obra, de resto, está perfeita e íntegra de texto.
Contextualizando. Por alturas do mês de Julho, nessa época, e depois de receber o subsídio de férias, eu costumava acompanhar, minuciosamente, a entrada de livros, na rua do Alecrim, nº 44, para seleccionar uma obra mais cara e rara, a que a minha bolsa, mais bem recheada, se podia permitir. Depois, desencadeava a pergunta sacramental, que apenas uma vez por ano pronunciava: Sr. Trindade, qual é o menor preço que pode fazer a este livro?
Foi assim que adquiri, alguns dos livros mais importantes da minha biblioteca tais como as Definições e Estatutos...da Ordem de Christo (1628), também impresso por Pedro Craesbeeck, uma rara primeira edição de Rubén Dário, com dedicatória, de 1897, El Parnasso Español... (1652), de Quevedo, a edição original de Clepsydra (1920), de Camilo Pessanha, e alguns, poucos, mais.
Paguei pelas Chronicas..., em 1990, Esc. 15.000$00, ao sr. Tarcísio Trindade. O livro pertencera, anteriormente, ao advogado Abel Maria Jordão Paiva Manso, conforme ex libris. Recentemente (2017), a mesma obra, mas totalmente íntegra, estava à venda num conhecido livreiro-alfarrabista lisboeta, por 1.400 euros.
E esta é a minha história bibliográfica para o Dia Mundial do Livro que, hoje, se celebra.


2 comentários:

  1. Que história bonita de amor aos livros!
    E o próprio livro deve ser uma preciosidade.
    Gostei muito.

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    1. Há alguns livros que me trazem à memória histórias curiosas...
      É uma edição rara, realmente, mas as faltas que apontei, no texto, diminuem-lhe muito o valor. Mas deu-me imenso gosto ler este obra de Duarte N. de Leão naqueles caracteres antigos e centenários.
      Uma boa noite.

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