quinta-feira, 28 de abril de 2016

Uso Pessoal 13


Ponto de honra e para memória futura, deixo exarado que, nestas errâncias portuguesas de Norte a Sul de Portugal, tive a sorte e o acaso de ver uma lindíssima imagem (séc. XVIII?) de Sta. Iria, na sacristia da igreja da Misericódia de Faro. Em talha dourada de fino recorte e panejamentos ondulantes, apesar de um pouco arrebicados, não desdenharia eu de tê-la, para melhor a admirar...
Não excluo imagens votivas ou os Santos, da minha convivência. Neste particular, não sou um laico puritano e ortodoxo, antes, um liberal. Vem-me de infância o gosto de tê-los por perto, ainda quando gostava de coleccionar santinhos, alguns em pergaminho, muito bonitos. Mas também pela hipótese de alguma hesitação tardia, ou dúvida final que ocorra, na hora da morte. Haverá por aqui - dirão alguns - oportunismo. É possível...
Dos domésticos, em estatuária bisonha e tosca de santeiro de província, o meu preferido é o Menino Jesus de Praga, de cabelo de poupa levantada e com o orbe em sua mão pequena. Oferecido e comprado em Esposende, por pessoa já falecida, e de minha grande estima e memória. Depois, uma Senhora das Angústias (é assim que eu lhe chamo), na sua porcelana já um pouco erodida. Estupidamente caro, comprei, há talvez quase três décadas, a um santeiro de Belmonte, grande negociante (cigano? cristão-novo?), um interessante e bem trabalhado S. Tiago em faia, a que não falta a icónica vieira e o cajado de viandante.
Finalmente, dois Cristos mutilados e crucificados, a que já faltam as cruzes. Que instalam na casa uma ponderação sofrida, mas também, com as suas chagas ensanguentadas, uma estridência anti-junqueiriana, que me lembra sempre José Régio...

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