D. José de Bragança (1703-1756), irmão de D. João V, e que tomou posse como Arcebispo de Braga, em 1741, pouco depois de assumir funções, incompatibilizou-se com o cabido bracarense. Deixou a cidade e dirigiu-se a Guimarães, onde foi recebido apoteoticamente pelos vimaranenses, que o acolheram muito bem e com orgulho. Primeiro aboletou-se no palacete do fidalgo Tadeu Camões, próximo da Igreja da Misericórdia e, mais tarde, mandou construir a nobre casa que hoje é chamada dos Coutos. Por lá estadiou cerca de dois anos e deixou boas recordações, além do "Guimarães agradecido", antologia em 2 volumes de poesias frustes e medíocres, que o fidalgo Tadeu Camões fez editar, reconhecidamente grato, através do Colégio dos Nobres, em Coimbra.
O palacete do fidalgo vimaranense foi sede e palco de reuniões da "Academia Vimaranense", durante o séc. XVIII, a exemplo da Arcádia Lusitana e de tantas outras agremiações poéticas, que proliferaram por esse Portugal fora, no século das Luzes.
O palacete do fidalgo vimaranense foi sede e palco de reuniões da "Academia Vimaranense", durante o séc. XVIII, a exemplo da Arcádia Lusitana e de tantas outras agremiações poéticas, que proliferaram por esse Portugal fora, no século das Luzes.
Relha e velha era já, porém, a rivalidade entre Braga e Guimarães que, na primeira metade do século XX, tomou proporções meramente futebolísticas, na sua forma mais popular de oposição regionalista. De Braga, se dizia em Guimarães, nos anos 50, que vivia dos rendimentos e da cumplicidade com o Poder que se instalara, após o 28 de Maio de 1926, bem como dos favores da Igreja. Porque Guimarães era a cidade laica e trabalhadora: os curtumes, a cutelaria, os têxteis, o calçado... Enquanto Braga só muito tarde acordou para a indústria, com a fábrica da Grundig, que começou a dar emprego qualificado a muitos bracarenses. Até lá, era só comércio e sacristias...
Andei ontem por Braga, e vi-a de outro modo, já sem os preconceitos regionalistas, que a idade e maturidade me foi fazendo perder. E o que mais me surpreendeu, para além do uso comum do granito, foi a natureza monumental da sua arquitectura, acachapada à terra, mas sólida e impressiva. Mas Guimarães não deixa de ter, na sua laicidade natural e orgulhosa, a elegância aérea de alguns monumentos e edifícios, que falta a Braga, de todo. Nem tudo se perdeu na minha memória das duas cidades minhotas.
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