terça-feira, 26 de abril de 2016

Balanço das terras interiores


Arrumadas as impressões mais vivas e passadas as sensações pelo crivo analítico dos dias que, entretanto, foram decorrendo, havia que extrair uma suma destas errâncias que, tirando Faro com mar à vista, foram todas pelas terras do interior.
A primeira palavra que me ocorre é afabilidade, das gentes, e a compostura agradável das vilas e cidades. Mais uma vez Faro é excepção, na sua desarrumação quase caótica. A juventude do ar de Évora (a Universidade ajuda...) surpreendeu-me, muito embora o Fundão, que também tem um pólo de ensino superior, me tenha parecido sonolento e envelhecido. Destaque para a vivacidade dinâmica de Viseu, apesar das suas dezenas de rotundas absurdas. Confirmei o meu gosto por Evoramonte, apesar de adormecida no tempo. Como entorpecidos, e menos belos, me pareceram Fronteira, Ourique, Cabeço de Vide ou, até, Montemor-o-Novo.
E como o nosso percurso tivesse objectivos muito precisos (ver os Compromissos da Misericórdia, na sua impressão de 1516, de Valentim Fernandes  e Hermão de Campos), tive a noção real de quanto esta Instituição (Misericórdia) é importante, e a sua função é nobilíssima, para estas terras interiores tão carecidas de infra-estruturas sociais de apoio às populações mais desfavorecidas. Destaque, mais uma vez, para Evoramonte, cuja Misericórdia me pareceu funcionar em moldes de grande profissionalismo.
Respira-se, no entanto, um ar parado por estas regiões, que parecem sem futuro, na maior parte das zonas visitadas. Uma última palavra simpática para a gastronomia regional que, mesmo em restaurantes modestos e despretensiosos, era de muito boa qualidade e paladares.

3 comentários:

  1. E alguma coisa hoje em dia, parece ter futuro?
    Eu citadina, interrogo-me sobre as condições das
    pessoas idosas cada vez mais isoladas nessas
    terras do interior. Que as Misericórdias possam
    ser um apoio para essas pessoas será uma accão
    louvável.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Penso ser uma das grandes questões do nosso, e muito difícil de gerir e contrariar. E não é o caso apenas português, porque de uma pequena aldeia, nas margens do Reno, acompanhei (embora até com aumento populacional) a subtracção ou diminuição das infra-estruturas essenciais. Desapareceu a Farmácia e os Correios, os 2 talhos existentes na década de 80...
      Pareceu-me, por isso, da mais elementar justiça destacar o papel, importante e notável, das Misericórdias, nesta terras interiores portuguesas.

      Eliminar
    2. Errata:
      quis dizer "do nosso tempo", na primeira linha do comentário anterior.

      Eliminar