sábado, 16 de abril de 2016

De Rigoberto Paredes (Honduras, 1948-2015), um poema


Elogio da gordura


Louvada seja a gordura e o seu unto
cheio de graça, a curva
tensa e reluzente dos refegos.
Ditosos sejam os seres de densa folhagem
onde tudo o que queira
pode encontrar abrigo e passar a noite.
Que gozem de boa fama
esses flamejantes seres, exagerados,
vivos retratos da abundância.
Abram alas por onde eles passarem;
não os façam perder
no tempo, o peso e a vida.
Convidem-nos para a mesa e para a cama
(sem grandes recatos ou prévias condições)
e celebrem em público os seus amplos,
da gordura, gloriosos fastos.


Rigoberto Paredes, in Fuego Lento.

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