domingo, 19 de junho de 2016

Sobre Pintura, inovação, e um quadro de 1770, em particular


Parece ser consensual entre os académicos, segundo o TLS (nº 5904), que a primeira natureza morta com flores terá sido executada por volta de 1603, pelo pintor holandês Roelandt Savery (1576-1639). Muito embora, anteriormente, tivesse havido algumas tentativas incipientes e mal sucedidas, ou de segunda ordem, na qualidade. A data coincide com um despertar de interesse, nos Países Baixos, pelos jardins e pela horticultura e botânica.

Cerca de 170 anos depois, o artista Joshua Reynolds (1723-1792), talvez num acesso de admiração e entusiasmo perante o quadro "A morte do general Wolfe", do pintor anglo-americano Benjamin West (1738-1820), terá afirmado: "...prevejo que esta pintura não só se tornará consensualmente apreciada, mas será também um ponto de partida importante na evolução da arte." O facto do general Wolfe ser um herói da Guerra dos Sete Anos e também gozar de grande popularidade na Inglaterra, terá decerto pesado no entusiasmo de Reynolds, por esta obra de cariz neoclássico, do seu colega pintor.


A tela, hoje pertença da National Gallery of Canada (Otava), representa a agonia do militar britânico, na curta (durou cerca de 15 minutos) batalha de Quebeque, entre franceses e ingleses, em que o General foi atingido mortalmente por vários tiros de mosquete. O aspecto dramático e compassivo dos circunstantes, bem como a arquitectura triangular do projecto ( a bandeira funciona como ângulo superior de um triângulo), singularizam esta obra, na sua época. Mas há também nela uma sugestão de descida da cruz que lembra representações anteriores e maiores de Van Dick e Dürer, sendo que estas eram de natureza sagrada. E o quadro de West ser, na sua laicidade, uma bela imagem espiritual do século das luzes...

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