Pensemos numa pequena criança: esta criança traz em si um conjunto de possibilidades. Ao fim de alguns meses de vida, ela aprendeu, quase simultaneamente, a falar e a andar. Adquiriu, assim, dois tipos de competências. Isto é, possui agora duas espécies de possibilidades, cujas circunstâncias acidentais de cada instante fornecerão resposta às suas necessidades e imaginações diversas.
Tendo aprendido a utilizar as pernas, essa criança virá a descobrir que não só pode andar, mas também correr; e não somente andar e correr, mas ainda dançar. E isto é um grande acontecimento. Ela inventou e descobriu, ao mesmo tempo, uma espécie de utilidade de segunda ordem, para os seus membros inferiores, uma generalização da sua fórmula de movimento. Com efeito, enquanto a marcha é, em suma, uma actividade monótona e pouco especializada, esta nova forma de acção, a Dança, permite uma infinidade de criações, de variações e até de figuração.
Paul Valéry, in Variéte V (pgs. 148/9).
Nota: a pintura de P. Valéry, que encima o poste, é um auto-retrato.
Muito interessante, quer o texto, quer a pintura. Bom dia!
ResponderEliminarLembrei-me da sua filha..:-)
EliminarBoa tarde!
É verdade! Bom dia! :-)
ResponderEliminarBom dia!..:-)
ResponderEliminarTambém achei.
ResponderEliminarMarcha nunca fiz; mas andar não acho nada monótono. Mas quanto à dança, concordo em absoluto com Valéry.
Bom dia!
Já gostei mais de andar, quanto a marchar, bastou-me a tropa...
EliminarNo que à dança diz respeito também estou de acordo, emboa não pratique.
Boa noite!