domingo, 2 de novembro de 2014

As palavras do dia (5)


Não é pelo preço dos bilhetes que os portugueses não consomem cultura - não o fazem porque não são cultos.

António F. Pimentel (1960?), director do MNAA, ao jornal Público (2/11/2014).

10 comentários:

  1. É minha convicção (não apenas por esta bujarda) que este rapaz não prima pela inteligência.
    Ele já viu o que é um bilhete de €6,00 para a maioria dos portugueses cujo salário médio é de €900,00? Ainda para mais para, no caso do MNAA, chegar lá, como aconteceu há dias, e ter uma parte do museu fechada. O preço tinha redução? Não! Está anunciado no site do Museu? Não! Estava na entrada quando se tinha já perdido mais de uma hora para la chegar.
    Um belo serviço público. Nem sei porque não pedi o livro de reclamações... Para a próxima,se continuar assim, lá reclamarei.

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    1. A frase é manifestamente abusiva, na sua generalização, e parte de uma perspectiva hiper-elitista. Muito embora os nacionais protestem com mais facilidade sobre os preços de entrada em instituições culturais (Museus, por exemplo) e tenham, normalmente, enorme e cega benevolência para dar quantias exorbitantes para um jogo de futebol ou para um festival de música ligeira...
      É evidente que, nesta época de crise, 6 euros é muito, para muita gente.

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  2. Acrescento ainda, ao que diz a MR, que para muitos jovens (conheço muitos que têm curso superior, com mestrado e pós-graduação e essas tretas todas...) o ordenado anda pelos 600€.

    Mas também é verdade que as pessoas não são muito criteriosas nas suas escolhas. O que é "pimba" vende, sejam os livros, os concertos, os programas de televisão...
    A televisão tem muita responsabilidade: devia informar e cultivar, mas deseduca, com tanta porcaria que passa. Enfim...

    Continuação de um bom domingo:)

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    1. São certeiras as suas palavras, Isabel. Quando há pouco, há que ser criterioso nos gastos, e a televisão portuguesa puxa sobretudo para o chinelo e para a indigência mental: festa, festa, não pensar, não pensar - é talvez assim que nos querem os governantes, que também não primam por grande Cultura...
      Boa tarde!

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  3. A premissa é indiscutível. O corolário é estúpido. Porque, 1, arte e cultura são conceitos quase antagónicos: dir-se-ia que a regra é a cultura e a excepção é a arte, distinção aliás já repetida por muita gente; pensar a arte como manifestação e reprodução cultural é coisa própria e típica de quem faz carreira técnico-política nos museus uma vida inteira sem sequer chegar a suspeitar do que a arte seja. 2, porque cultura (e arte, para quem dela goste) são para comer. Paga-se 10 cêntimos, já muito, por um pão. Não se deve pagar mais do que isso por um bilhete. Um museu do Estado é um museu do Estado (como a televisão do Estado é a televisão do Estado, etc.). Para ser igual a um museu privado, privatize-se. Dá-me, aliás, ideia de que é aqui que esta gente quer sempre, sempre chegar.

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    1. Sobre o aspecto mercantil, estou de acordo que um museu de Estado deva ter acesso gratuito, muito embora, por toda esta Europa decadente, esse desiderato cada vez menos se cumpra. Depois da idade das Luzes, a idade da princesa Economia...

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  4. Concordo com o que disseram anteriormente. E não com políticas destas que levam mais gente aos museus.
    Ainda por cima reduziram o dia de acesso grátis a um único domingo por mês.
    Penso que os nacionais não deviam pagar nos museus públicos.

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    1. Essa, seria a atitude mais amiga e difusora da Cultura, mas o que é que isso interessa aos garraios governantes de agora?

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  5. Vou destoar, um pouco bronco: quando muito, seria favorável a que se pagasse em proporção inversamente proporcional à dos custos de deslocação a estes locais. Por exemplo, eu para ir a esse belo MNAA, que me fica a 300 km de distância, gasto um dinheirão... Por isso, para mim nunca será grátis.
    É por isso que sou um pouco contra estas ideias de concentração territorial de equipamentos públicos, principalmente quando ela favorece sistematicamente os mesmos cidadãos. E, quando se trata de museus, quantas das peças foram subtraídas aos seus locais de origem para os expor na capital!
    Desculpem.

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    1. Os saques e as razias sempre foram um "hábito" na História e um apelativo guloso das guerras.
      É uma constante inexorável, também, por esse mundo fora, que o Poder centralize na Capital as mais importantes estruturas e instituições, nomeadamente as culturais - parece-me que não há nada a fazer para contrariar essa lógica atávica.
      Muito mais, com governos que desprezam ou ignoram as realidades do interior ou da província. Nem lhe dão condições mínimas de progresso ou sobrevivência digna.

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