sexta-feira, 14 de novembro de 2014

A par e passo 114


Faço, desta vez e excepcionalmente, um pequeno intróito para sublinhar que estas palavras de Paul Valéry foram escritas no ano de 1936.

Trata-se pois de uma crise geral de valores. Nada lhe escapa, nem na ordem económica, nem na ordem moral, nem mesmo na ordem política. A liberdade, ela própria, deixou de estar na moda. Os partidos, mesmo os mais avançados, que a reclamam furiosamente desde há cinquenta anos, esquecem-na e sacrificam-na hoje!... Esta crise estende-se a tudo: ciências, Código civil, mecânica de Newton, tradições diplomáticas, tudo é afectado. Não sei mesmo se o próprio amor não está em vias de ser reavaliado de outro modo diferente daquele que detinha há mais de meia dúzia de séculos...

Paul Valéry, in Variété III (pg. 223).

5 comentários:

  1. Mesmo em 1936 o amor já não era o que era no século XIV... E hoje, 80 anos após o escrito de Valéry, tb é sentido de um modo diferente, imagino eu. Desde logo pelo papel que a mulher tomou na sociedade após a II Guerra Mundial.

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    1. Concordo e creio que tem razão quanto aos motivos.
      Boa noite!

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  2. Onde escrevi 'sente-se' talvez devesse estar 'vive-se'.

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  3. As duas primeiras frases são de hoje!

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    1. Absolutamente. Mas o restante texto também não anda longe...

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