A preguiça intacta da manhã fez-me lembrar os cachos densos e perfumados, brancos e roxos, das glicínias. E o enorme silêncio que havia por trás, apesar das torres e prédios altos que se viam, ao longe. Em três sucessivos planos, para quem avançasse no jardim, havia, de início, a gaiola das catatuas-anãs, que também comungavam do silêncio. Depois o borborinho dos periquitos impertinentes e, já no fim, junto ao muro, a quase jaula dos faisões rabilongos e terrestres, onde, por empréstimo, dois pavões discretos se acoitavam. Desafiados pelos humanos, que lhes imitaram o pio, lá se armaram e mostraram em todo o seu esplendor. De outro mundo se tratava, no entanto.
À saída, em frente, tinhamos a pequena igreja interiormente recoberta a azulejos oitocentistas (?), que vi, pela porta entreaberta que dava para a sacristia. E donde vinham a sair duas catequistas - nota última e real das coisas divinas. Ficou-me porém o cheiro diáfano das glicínias altas sobre o silêncio, da casa e jardim donde eu viera.
Gostei muito do texto - e gosto de glicínias. bom dia!
ResponderEliminarObrigado, Margarida. Quanto às glicínias, de que também gosto, acho que o seu maravilhoso perfume só é ultrapassado pelo das frésias...
EliminarBom dia!
Se a Miss Tolstoi, for uma das pessoas que se pensa, AMM, gosta imenso destas flores!
ResponderEliminarO que só prova o seu bom gosto dos sentidos: visual e olfactivo..:-)
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